Eurodeputados portugueses aplaudem Sakharov para venezuelanos, BE e PCP contra

Eurodeputados da Aliança Democrática, PS, Chega e Iniciativa Liberal aplaudiram hoje a atribuição do prémio Sakharov, pelo Parlamento Europeu, aos opositores venezuelanos, enquanto o BE lamentou uma "oportunidade perdida" e PCP os responsabilizou por "tentativas de golpe".

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Lusa
17/12/2024 16:38 ‧ há 2 horas por Lusa

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Parlamento Europeu

Em declarações aos jornalistas no Parlamento Europeu em Estrasburgo, onde hoje a líder da oposição María Corina Machado e o candidato presidencial venezuelano Edmundo González Urrutia receberam o Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento 2024, a eurodeputada socialista Marta Temido disse ser "um dia importante para a Venezuela".

 

"O hemiciclo reconheceu a justa luta do povo venezuelano para um regime diferente daquele que tem tido ao longo dos últimos anos", considerou.

Em setembro, o Parlamento Europeu reconheceu Edmundo González como o Presidente eleito da Venezuela nas eleições presidenciais de julho, em que as autoridades venezuelanas declararam a reeleição de Nicolás Maduro para um terceiro mandato, mas Marta Temido, juntamente com outros eleitos socialistas, discordou desta decisão.

"Um prémio e uma resolução de cariz político sobre o reconhecimento de uma determinada realidade política são duas coisas muito distintas, uma não invalida a outra", disse, quando questionada hoje sobre a sua posição.

Sebastião Bugalho (PSD/CDS-PP), que foi um dos proponentes da candidatura dos opositores venezuelanos ao prémio Sakharov, juntamente com o espanhol Gabriel Mato, considerou que esta distinção foi "uma enorme satisfação e uma vitória portuguesa".

Sobre a posse do Presidente venezuelano, o eurodeputado afirmou: "Pode dizer-se que é improvável que Edmundo González tome posse no dia 10 de janeiro em Caracas, mas também era improvável termos conseguido que o G7 e a Comissão Europeia reconhecessem o seu resultado eleitoral, e mesmo assim conseguimos".

Pelo Chega, António Tânger Correia recordou o trabalho conjunto com os eurodeputados do Vox espanhol (extrema-direita), no âmbito do grupo Patriotas pela Europa, afirmando: "Ficámos extremamente contentes com esta decisão".

Da Iniciativa Liberal, João Cotrim Figueiredo considerou que os galardoados "simbolizam a resistência ao regime chavista, que é responsável pelas maiores tragédias que têm acontecido na América Latina", citando "prisões arbitrárias, assassínios políticos, violação de direitos cívicos e humanos".

"Estaremos do lado daqueles que votam e lutam pelo futuro democrático e livre da Venezuela", realçou.

Catarina Martins, do Bloco de Esquerda, lamentou a atribuição deste prémio aos opositores venezuelanos.

"O Parlamento Europeu decidiu usar este prémio não para os valores do coração europeu, como gosta de repetir, mas para tomar uma posição sobre umas eleições que o próprio Parlamento Europeu diz que não sabe quais são os resultados porque nunca foram publicados de forma transparente", referiu Catarina Martins.

A deputada acrescentou ainda que esta atribuição foi "uma instrumentalização política sobre uma situação, que é complexa", tornando-se uma "oportunidade perdida".

O comunista João Oliveira também criticou a decisão: "O Parlamento Europeu entendeu entregar este prémio à extrema-direita venezuelana, responsável por várias tentativas de golpe".

"A mensagem que sai deste prémio é exatamente oposta àquela que o povo venezuelano precisa", afirmou.

O Prémio Sakharov, batizado em homenagem ao físico e dissidente político soviético Andrei Sakharov, é o maior prémio de direitos humanos da União Europeia, com o valor pecuniário de 50 mil euros.

Atribuído pelo Parlamento Europeu a indivíduos ou organizações todos os anos desde 1988, visa reconhecer o trabalho em prol da defesa dos direitos humanos e dos direitos fundamentais, em particular a liberdade de expressão, a salvaguarda dos direitos das minorias, o respeito pelo Direito internacional, o desenvolvimento da democracia e a defesa do Estado de Direito.

Vários laureados, incluindo Nelson Mandela, Malala Yousafzai, Denis Mukwege e Nadia Murad, viriam a vencer o prémio Nobel da Paz.

Leia Também: Venezuela. Opositores lembram que cabe a todos lutar pela democracia

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