Uma mulher tornou-se a terceira pessoa a receber um rim de porco geneticamente modificado, o que foi, segundo a própria, "outra oportunidade na vida".
De acordo com o que adiantam as publicações internacionais esta terça-feira, trata-se de Towana Looney, que foi submetida à operação em causa a 25 de novembro. A mulher, atualmente com 53 anos, doou um dos seus rins em 1999, tendo, mais tarde, desenvolvido uma condição, após uma gravidez, em que o rim que lhe restava entrou em falência.
A mulher começou a fazer diálise e esteve na lista de espera para receber um rim durante oito anos, até ser autorizada a fazer o tratamento experimental - que foi alargado para pessoas em risco de vida.
O rim foi desenvolvido pela Revivicor, empresa cuja técnica procura criar um órgão geneticamente modificado. A técnica envolve que se evite o crescimento excessivo do rim, assim como a redução da inflamação e a diminuição das probabilidades de rejeição por parte do sistema imunitário do utente. Em teoria, explica o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (Massachusetts Institute of Technology, MIT, na sigla em inglês), uma vez que o porco, cresça "os seus órgãos podem ser utilizados para transplante humano".
"É uma bênção", referiu Towana Looney em comunicado citado pelas publicações. "Sinto que me deram uma segunda oportunidade na vida. Mal posso esperar para viajar e passar mais tempo com a minha família e com os meus netos", acrescentou.
Towana Looney is finally free from dialysis after eight years, thanks to a groundbreaking gene-edited pig kidney transplant at NYU Langone Health.
— NYU Langone Health (@nyulangone) December 17, 2024
Learn more about Towana's story and our ongoing innovations in #xenotransplantation: https://t.co/uP9KMgveSu pic.twitter.com/wAD4DFxzOW
Quem foram os outros recetores?
De acordo com o MIT, foi este ano que outras duas pessoas receberam um rim geneticamente modificado. A primeira pessoa que recebeu foi Richard Slayman, logo no início do ano. O homem, de 62 anos, morreu dois meses depois da intervenção. Segundo o hospital, não houve nenhuma relação entre a morte e a operação.
Já em abril deste ano foi a vez de Lisa Pisano, de 54 anos, receber aquela que foi uma cirurgia combinada: um rim de porco e uma bomba cardíaca.
Segundo o que foi explicado, o rim falhou devido a uma irrigação sanguínea inadequada e foi removido no mês seguinte. A mulher morreu em julho.
E para Looney?
Apesar destas duas intervenções acima não terem tido o resultado mais feliz, os médicos encontram-se otimistas com o caso de Looney, já que o seu estado de saúde é melhor do que o das outras duas pessoas.
A mulher, que vive no estado de Alabama, enfrenta agora um longo caminho para a recuperação, tendo tido alta no início de dezembro, 11 dias após a intervenção. Por agora - e nos próximos três meses - vai viver em Nova Iorque, onde foi operada, e por forma a poder ser monitorizada.
Amazing news from @nyulangone! Towana Looney, once a living donor, now received a pig kidney transplant, showcasing the potential of #Xenotransplantation for future organ solutions. #NYULHSurgery #NYUTransplant pic.twitter.com/UKKUGmTZJz
— Dr. Macey Levan (@DrMaceyLevan) December 17, 2024
"O transplante é uma das poucas terapias que pode curar uma doença complexa de um dia para o outro, mas há poucos órgãos para proporcionar uma cura a todos os que dela necessitam", explicou um dos cirurgiões, Jayme Locke, acrescentando: "A ideia de que podemos agora ter uma solução para a crise de escassez de órgãos para outras pessoas que têm estado a definhar nas nossas listas de espera invoca o mais bem-vindo dos sentimentos: pura alegria!"
Só nos Estados Unidos há mais de 100 mil pessoas em lista de espera para receber um órgão, e, de acordo com o MIT, todos os dias morrem 17 pessoas que estão nesta lista.
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