Divisão administrativa de Angola "é expediente" para contrariar "queda"

O presidente da UNITA (oposição) disse hoje que a nova divisão político administrativa de Angola é um "expediente" que visa contrariar a "tendência irreversível da queda" do partido no poder (MPLA) perante a sua "acentuada impopularidade".

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Lusa
20/12/2024 18:52 ‧ há 3 horas por Lusa

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Adalberto Costa Júnior, que falava na abertura da quarta reunião ordinária da Comissão Política da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA, maior partido na oposição), acusou o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder desde 1975) de "ter deitado para o caixote de lixo toda a legislação autárquica".

 

Segundo o presidente da UNITA, o partido no poder em Angola decidiu negar todos os discursos e promessas feitas durante a sua campanha eleitoral e "confessar que nunca teve na sua agenda a realização das autárquicas".

"Mantemos a nossa convicção de que quem não conseguiu em 49 anos resolver os problemas básicos das populações nos 164 municípios não vai conseguir seguramente ser capaz de resolver os problemas nos agora 326 municípios. É uma questão de realismo político e material", referiu.

Angola vai contar a partir de janeiro de 2025 com mais três novas províncias, nomeadamente Icolo e Bengo (que surge da divisão da província de Luanda), Moxico Leste (que emerge da divisão da província do Moxico) e Cuando (que surge da divisão do Cuando-Cubango), totalizando 21 províncias, à luz da nova lei da divisão administrativa do país.

Para Adalberto Costa Júnior, a nova divisão político-administrativa do país e as "tesouradas" à geografia das províncias, "nada mais são senão o expediente que visa contrariar a tendência irreversível da queda do partido no poder perante a sua acentuada impopularidade".

"A impopularidade é crescente perante a incapacidade de governar em transparência. A incapacidade de melhorar a realidade social e económica dos trabalhadores, das famílias e das empresas do nosso país", disse.

Falando na abertura desta reunião que avalia a situação geral do país e a vida interna do seu partido, o político deplorou também a perda contínua do valor do kwanza (moeda nacional) e o "irreversível" desespero das famílias face à galopante inflação dos produtos da cesta básica.

Considerou que a justificação apresentada ao país sobre a nova divisão administrativa, como sendo a aproximação dos serviços às populações, "é uma falácia que esconde as verdadeiras intenções do regime".

"Não haverá desenvolvimento social e económico, nem progresso enquanto o regime continuar focado na sua sobrevivência política e a ignorar os reais problemas do povo, como o que temos vindo a assistir ao longo de todos os últimos anos", notou.

Costa Júnior referiu, por outro lado, que a fome em Angola "é hoje uma realidade insofismável" que afeta muitas famílias, muitas das quais "se socorrem cada vez mais dos contentores de lixo para conseguirem alguma coisa para comer".

Citando os índices da pobreza no país, o desemprego, a inflação, a malnutrição e deficiências no acesso à saúde e educação, o responsável partidário classificou o quadro social do país como "bastante sombrio".

"E as suas sombras projetam-se, sobretudo, para o futuro do país, havendo, por isso, urgente necessidade de reverter a desastrosa situação económica e social para se atenuarem os efeitos futuros perversos decorrentes desta grave situação", indicou.

Os 50 anos de independência de Angola, que se assinalam em 11 de novembro de 2025, "têm sido vividos sob signo da divisão, da exclusão, da pobreza extrema do povo e sob signo da corrupção institucionalizada", disse.

Adalberto Costa Júnior disse ainda que em 2025, ano em que realiza o seu XIV Congresso Ordinário, a UNITA deve continuar a fazer uma "defesa acérrima" do Estado democrático com garantias dos direitos e liberdades inerentes, pluralismo de ideias e opinião.

"Vamos continuar a pressionar pela efetivação das autarquias locais e pela lisura e transparência dos processos", concluiu o líder partidário.

Leia Também: Governo angolano diz que "é preciso apertar mais o cerco" ao contrabando de combustível

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