Um "pormenor da história"
A 13 de setembro de 1987, Jean-Marie Le Pen declarou, e repetiu várias vezes, que a existência das câmaras de gás era "um pormenor da história da Segunda Guerra Mundial". Foi condenado duas vezes em tribunal civil, em 1991 e depois em 1999, a pagar indemnizações a associações.
Em 2017, após recurso, o cofundador do partido Frente Nacional (FN, atualmente União Nacional, sigla em francês) foi multado em 30.000 euros por ter negado a existência de um crime contra a humanidade, após repetido estas afirmações em 2015. A sentença foi confirmada em 2018 pelo mais alto tribunal do sistema judicial francês.
A ocupação
Em 2012, foi igualmente condenado por negação de crimes contra a humanidade, desta vez a uma pena de prisão suspensa de três meses e a uma multa de 10.000 euros, após recurso. Em 2005, tinha declarado no semanário de extrema-direita Rivarol que a ocupação alemã não tinha sido "particularmente desumana" em França.
Em 1993, Jean-Marie Le Pen já tinha sido condenado a uma multa por injúria pública, em recurso, pelo seu trocadilho de 1988 em alusão aos fornos crematórios dos campos de concentração nazis, referindo-se ao então ministro da Função Pública, Michel Durafour, como "Durafour crématoire" ('Durafour crematório').
Por outro lado, em 2022, foi absolvido em recurso por ter atacado várias personalidades envolvidas na luta contra a extrema-direita, em 2014, num vídeo publicado no seu blogue, dizendo, entre gargalhadas, ao cantor Patrick Bruel, que é judeu: "Ouçam, da próxima vez faremos uma fornada com eles".
Raças, muçulmanos e ciganos
Em 1998, Jean-Marie Le Pen e o seu número dois na FN na altura, Bruno Mégret, foram condenados a pagar uma indemnização à União dos Estudantes Judeus de França por comentários que tinham feito em 1996 e 1997 sobre a "desigualdade das raças".
Le Pen foi posteriormente multado em 10.000 euros, após recurso, por incitamento ao ódio racial em 2005. Numa entrevista ao jornal Le Monde, em 19 de abril de 2003, afirmou: "No dia em que tivermos não 5 milhões, mas 25 milhões de muçulmanos em França, serão eles a mandar. E os franceses estarão a rapar as paredes, a andar pelos passeios e a baixar os olhos".
Em 2014, foi multado em 5.000 euros, após recurso, por ter dito em 2012 que os ciganos, "como os pássaros, [voam] naturalmente".
Em 2017, foi novamente multado em 5.000 euros, em recurso, por incitar ao ódio e à discriminação, por ter descrito a presença de ciganos em Nice, uma cidade no sudeste de França, como "picante" e "malcheirosa", quatro anos antes. Esta condenação foi confirmada em 2018 pelo Supremo Tribunal francês.
Violência contra um candidato
Em 1998, Le Pen foi condenado em recurso a um ano de inelegibilidade e a três meses de prisão suspensa por atos de violência contra um candidato socialista em Mantes-la-Jolie, perto de Paris, durante a campanha para as eleições legislativas de 1997. Esta decisão foi confirmada pelo Supremo Tribunal francês um ano mais tarde.
Homossexuais
Em 2019, foi multado em 2.400 euros, após recurso, por dois insultos públicos dirigidos a homossexuais, incluindo o agente da polícia Xavier Jugelé, morto em 2017 num ataque nos Campos Elísios.
Caso dos assistentes de deputados: não apto para ser julgado
O cofundador da FN foi também acusado, em 2019, de desvio de fundos públicos num caso que envolveu assistentes parlamentares dos deputados da Frente Nacional.
No julgamento realizado este outono em Paris, o seu caso foi "desarticulado" depois de um perito médico ter constatado "uma profunda deterioração" do seu estado físico e mental, determinando que não estava em condições nem de "estar presente" nem de "preparar a sua defesa".
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