A bandeira francesa foi oficialmente arriada na base militar de Abéché (leste), a quarta maior cidade do Chade, numa cerimónia que contou com a presença do ministro das Forças Armadas do Chade, general Issakha Maloua Djamous.
"A soberania de um Estado baseia-se na sua capacidade de defender a sua integridade territorial", declarou o ministro, pouco antes de soldados franceses embarcarem num avião militar para abandonar o país.
Esta operação inscreve-se no quadro da retirada progressiva das tropas francesas do território chadiano, em conformidade com o calendário estabelecido entre as duas partes.
Após a entrega da base de Faya (norte), a 26 de dezembro de 2024, a etapa seguinte e final será a saída da base Sergent Adji Kossei, na capital, N'Djamena, até 31 de janeiro.
O Governo do Chade anunciou, a 28 de novembro, o fim do acordo de cooperação em matéria de segurança e defesa com a França, na sequência da visita do ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Noël Barrot.
"Esta decisão, tomada após uma análise aprofundada, marca uma viragem histórica. De facto, 66 anos após a proclamação da República do Chade, é tempo de o Chade afirmar a sua soberania plena e completa e redefinir a sua parceria estratégica com as autoridades francesas", explicou, na ocasião, o ministro dos Negócios Estrangeiros do Chade, Abderaman Koulamallah.
O dirigente sublinhou que esta decisão "não põe de modo algum em causa as relações históricas e os laços de amizade entre as duas nações".
O Chade é o único país da conturbada região do Sahel que ainda mantém uma presença militar francesa.
O Chade tomou esta medida meses depois de o Departamento da Defesa dos EUA ter anunciado, em abril último, que ia retirar a maior parte das tropas que tinha destacado no Chade e no vizinho Níger para combater o extremismo islâmico no Sahel.
A junta militar que governa o Níger desde julho de 2023 também revogou os acordos militares que o Níger tinha assinado com a França, ao abrigo dos quais Paris tinha uma força antiterrorista destacada no seu território.
A saída das forças francesas e norte-americanas do Níger, mas também dos soldados franceses do Burkina Faso e do Mali, ambos governados por juntas militares, ocorreu numa altura em que a influência russa sobre estes países está a aumentar.
As potências ocidentais, como a França e os EUA, estão agora a lutar para manter a sua influência noutros países da região cujos valores consideram mais próximos dos seus.
O Presidente francês Emmanuel Macron acusou, na segunda-feira, os governos africanos do Sahel de serem ingratos para com a França, depois de a antiga metrópole os ter ajudado na luta contra o terrorismo.
Em resposta, Koulamallah lamentou a "atitude desdenhosa" do chefe de Estado francês, a quem pediu que "aprenda a respeitar o povo africano".
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