Gaza precisará de dez anos para limpar explosivos sob os escombros

A Faixa de Gaza precisará de pelo menos dez anos para limpar terrenos minados por explosivos, segundo as Nações Unidas, que dão conta da chegada de ajuda a um milhão de habitantes desde o início do cessar-fogo no território.

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© Ashraf Amra/Anadolu via Getty Images

Lusa
23/01/2025 18:24 ‧ há 3 horas por Lusa

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ONU

Numa análise hoje divulgada sobre o auxílio à população na Faixa de Gaza, o Escritório da ONU de Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) saúda a entrada no enclave palestiniano de camiões e combustível, que "já ajuda a alimentar um milhão de pessoas".

 

Outros 4.800 camiões de ajuda estavam hoje prontos a entrar no enclave, de acordo com agência da ONU para os refugiados palestinianos (UNWRA).

À medida que os habitantes começam a regressar ao que resta do enclave nomeadamente ao nível das casas, desde a entrada em vigor do cessar-fogo de 42 dias entre Israel e o grupo islamita palestiniano Hamas, a estrutura da ONU alerta para a presença de dispositivos explosivos sob os escombros acumulados em 15 meses de conflito militar.

Apesar de um "expressivo aumento da entrada de ajuda" desde domingo, a OCHA refere que "algumas prioridades neste momento são o manuseamento de escombros, a recuperação de corpos e o combate à contaminação por material bélico explosivo".

Estas medidas são apontadas como fundamentais para permitir "a movimentação segura da população, o fluxo de assistência e o restabelecimento de serviços essenciais".

O documento hoje divulgado menciona especialistas da ONU a dar conta que os elevados níveis de contaminação por explosivos "é um problema que só será resolvido num prazo de dez anos" e caso haja apoio financeiro internacional.

"Estas munições não detonadas estão enterradas sob mais de 42 milhões de toneladas de escombros, criados pela destruição de edifícios e estradas e outras construções, que por sua vez contém amianto e outros contaminantes perigosos", descreve o texto.

No centro e sul da Faixa de Gaza, as distribuições mensais de cestas alimentares completas foram retomadas, refere a OCHA, acrescentando que "o volume, as porções e o conteúdo das refeições nas cozinhas comunitárias foram reformulados e as padarias subsidiadas pela ONU estão prestes a reabrir".

Além disso, o fornecimento de combustível permitiu a retomada do funcionamento de poços de água, centrais de dessalinização e bombas de esgoto, prossegue o escritório de coordenação da ONU, indicando igualmente o início de obras de reparação de estradas e infraestruturas hídricas.

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) informou pelo seu lado que crianças e famílias estão a encontrar "destruição total e o colapso das infraestruturas" ao depararem-se com as casas que tiveram que abandonar no norte do enclave.

A OCHA também destaca "o padrão traumático da separação forçada de crianças e famílias" e a necessidade de continuar a localizar menores não acompanhados.

Numa primeira fase, o acordo de cessar-fogo prevê a troca de reféns na Faixa de Gaza por prisioneiros palestinianos em cadeias israelitas, a retirada das forças de Israel de grande parte das zonas populacionais do território e um expressivo reforço da entrada de ajuda humanitária.

As fases seguintes do acordo serão negociadas durante a vigência de 42 dias da primeira.

No documento hoje divulgado, o chefe da OCHA na Palestina, Jonathan Whittall, defende que este "frágil cessar-fogo" precisa de durar e que o seu sucesso "será medido pelo fim permanente da morte, destruição e privação".

O conflito em Gaza foi desencadeado por um ataque sem precedentes do Hamas em solo israelita, em 07 de outubro de 2023, que fez cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns.

Após o ataque do Hamas, Israel desencadeou uma ofensiva em grande escala na Faixa de Gaza, que provocou mais de 47 mil mortos, na maioria civis, e um desastre humanitário, desestabilizando toda a região do Médio Oriente.

Leia Também: Mais dois mortos em Gaza apesar do cessar-fogo

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