Acesso a Maputo pela ponte de Katembe bloqueado contra portagens

Os acessos a Maputo pela ponte de Katembe foram bloqueados esta manhã por automobilistas que contestam a concessionária Revimo por voltar a cobrar portagens, pagamento que foi suspenso nas últimas semanas devido às manifestações pós-eleitorais.

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Lusa
27/01/2025 09:21 ‧ ontem por Lusa

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Desde o início da manhã que os automobilistas que acediam à praça de portagens da ponte, em Katembe, única entrada na capital a partir do sul do país, buzinavam e recusavam-se a pagar portagem, apesar do forte contingente policial que se encontrava no local.

 

A recusa no pagamento provocou enormes filas, levando os responsáveis da Revimo a abrir por momentos a portagem para o trânsito escoar, sem que os automobilistas pagassem. A passagem era feita em clima de festa.

Já cerca das 09h30 locais (menos duas horas em Lisboa), automobilistas imobilizaram viaturas algumas dezenas de metros antes da praça de portagem, bloqueando por completo o trânsito no acesso a Maputo.

Dezenas de pessoas deixaram as viaturas e fizeram o percurso até à cidade, pela ponte, a pé, apesar da proibição da circulação pedonal, o mesmo acontecendo com as viaturas, que regressavam em contramão numa via rápida de duas faixas.

A Rede Viária de Moçambique (Revimo), responsável pela construção, conservação e exploração de várias estradas nacionais, retoma hoje a cobrança de portagens no país, suspensas durante várias semanas devido aos protestos pós-eleitorais.

"Informamos que, a partir de segunda-feira será retomada a cobrança de taxas nas portagens [...] sob nossa gestão", lê-se num comunicado divulgado pela Revimo.

Também a sul-africana Trans African Concessions (TRAC), concessionária da estrada N4, que liga Maputo à fronteira de Ressano Garcia, retomou, na quinta-feira, a cobrança de portagens, causando revolta popular, com os manifestantes a bloquearem a via e a polícia a efetuar vários disparos para reabrir os acessos à portagem de Maputo.

O então candidato presidencial Venâncio Mondlane apelou em dezembro ao não pagamento de portagens no país, sendo que, após a destruição e vandalização de algumas cabines de cobrança, várias foram fechadas, sem receber pagamentos.

Entretanto, num documento publicado na terça-feira, com 30 medidas que exige para os próximos 100 dias, Venâncio Mondlane, que não reconhece os resultados oficiais das eleições gerais de 09 de outubro que deram a vitória a Daniel Chapo, voltou a apontar a não cobrança de portagens em todo o país como exigência.

"Na N4 as portagens, pelo tempo de vida que já têm, cumpriram com tempo de rentabilidade face ao investimento efetuado", refere no documento, exigindo a extensão do não pagamento de portagens neste período, alegando, também, que em várias vias com portagens no país "não houve consulta pública" sobre essa cobrança e "não se respeitou o princípio da via alternativa".

Já a Revimo refere que as taxas cobradas através das portagens garantem a manutenção das infraestruturas rodoviárias, afirmando que vai continuar a implementar medidas para a mitigação dos custos, "incluindo descontos" para o transporte coletivo de passageiros e de utilizadores frequentes.

"Reafirmamos o nosso compromisso em continuar a melhorar os nossos serviços e a oferecer soluções que beneficiem todos os utentes", lê-se.

Moçambique vive desde 21 de outubro um clima de forte agitação social, protestos, manifestações e paralisações, convocadas pelo ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane, com confrontos violentos entre a polícia e os manifestantes, além de saques e destruição de equipamentos públicos e privados.

De acordo com a plataforma eleitoral Decide, organização não-governamental que monitoriza os processos eleitorais em Moçambique, nestes protestos há registo de pelo menos 315 mortos, incluindo cerca de duas dezenas de menores, e pelo menos 750 pessoas baleadas.

Leia Também: Futuro da principal via rápida de Moçambique em aberto após prejuízos

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