Secretário-geral da NATO quer contribuições acima de 2% do PIB

O secretário-geral da NATO, Mark Rutte, defendeu hoje que canalizar 2% do PIB de cada Estado-membro já não é suficiente para a defesa da Europa, em linha com o que já afirmou o presidente dos Estados Unidos.

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© FILIPE AMORIM/AFP via Getty Images

Lusa
27/01/2025 14:35 ‧ ontem por Lusa

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"Temos de continuar a adaptar-nos, temos de aumentar os nossos esforços e as nossas despesas. O objetivo de 2% [do Produto Interno Bruto] não vai ser suficiente", afirmou Mark Rute, em declarações feitas em Lisboa, após um encontro com o primeiro-ministro e outros membros do Governo.

 

"A ameaça da Rússia pode parecer longínqua, mas asseguro-vos que não é", alertou o líder da NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte], referindo que Moscovo tem armamento que consegue atingir a costa portuguesa.

O novo Presidente norte-americano, Donald Trump, que durante o seu primeiro mandato exigiu que todos os Estados-membros da aliança aumentassem os seus contributos para a organização atingindo os 2% da riqueza produzida, quer agora que o valor passe para os 5% do PIB.

"Precisamos de intensificar os nossos esforços", o que "significa que precisamos de gastar mais na nossa defesa", sublinhou o secretário-geral da NATO, acrescentando que a Rússia "está a tentar desestabilizar" a Europa com atos que vão "desde tentativas de assassinato a ataques cibernéticos e sabotagens".

Rutte adiantou ainda que o apoio à Ucrânia na guerra contra a Rússia deve manter-se como uma prioridade e que os países aliados têm de fazer tudo "para lhe dar uma posição de força" quando decidir ir para uma mesa de negociações.

Nas declarações de hoje do líder da NATO e do primeiro-ministro português, sem direito a perguntas dos jornalistas, Luís Montenegro afirmou que Portugal está disponível para antecipar "ainda mais" o prazo para que o país atinja um investimento de 2% do Produto Interno Bruto no setor da defesa.

Portugal já se tinha comprometido a atingir a meta em 2029, mas o primeiro-ministro admitiu que Portugal poderá ter de antecipar o objetivo.

Luís Montenegro adiantou ainda que os Estados-membros da União Europeia que fazem também parte da NATO já canalizam, no seu conjunto, mais do que essa percentagem para a defesa da Europa, garantindo, no entanto, manter o seu objetivo de também Portugal atingir esse valor.

O primeiro-ministro afirmou que a União Europeia "tem de atuar em bloco" e concertar a estratégia e localização de investimentos em defesa, mas sem "triplicar ou quadruplicar" as suas apostas.

No entanto, numa recente deslocação a Berlim, Luís Montenegro afirmou que um gasto de 5% do PIB para os países da NATO "não é exequível" a curto ou médio prazo.

"Naturalmente não é exequível no curto prazo, nem no médio prazo, um rácio desses em termos de despesa 'versus' o Produto Interno Bruto. É preciso termos a noção de que é compreensível que se peça aos Estados aliados um esforço maior numa altura onde a resposta também tem de ser maior", apontou, reiterando a mensagem de que o investimento em Defesa também pode e deve ter retornos económicos.

O líder da Aliança Atlântica aproveitou ainda a ocasião para agradecer a Portugal pelo seu contributo para a inovação com o centro de experimentação operacional marítima, que "ajuda os aliados a testar e exercitar novas tecnologias, incluindo para melhorar a resiliência das infraestruturas de energia e comunicações".

Considerando esta uma "tarefa vital", Mark Rutte lembrou os vários incidentes registados nos últimos meses no Mar Báltico, referindo que "ainda ontem [domingo] foi danificado um cabo submarino" que ligava a Suécia à Letónia.

"A boa notícia é que os navios e aviões da NATO da missão 'Baltic Sentry' estão a operar" na região, em colaboração com os dois países aliados.

"A resposta da NATO é hoje forte", mas "não será suficiente para enfrentar os desafios de amanhã", disse lembrando que, enquanto a ameaça russa continua a ser premente, a NATO terá também de abordar "os desafios e as oportunidades que vêm dos vizinhos do sul".

O secretário-geral da NATO irá encontrar-se ainda hoje com o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez.

[Notícia atualizada às 15h14]

Leia Também: PIB em Defesa? Governo "disponível para antecipar ainda mais calendário"

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