"A cidade de Bukavu, brevemente invadida pelos terroristas do M23, está controlada pelo exército congolês e pelos bravos Wazalendo [grupos de autodefesa congoleses]", afirmou a presidência da RDCongo.
De acordo com um comunicado divulgado na rede social X, o presidente da RDCongo, Félix Tshisekedi, acompanhou "a evolução das operações militares e os desafios humanitários nas províncias de Kivu do Norte e do Sul".
O comunicado surgiu horas depois do M23, apoiado pelo Ruanda, ter anunciado a conquista de Bukavu, a capital estratégica de Kivu Sul, no leste da RDCongo.
No sábado, durante a 61ª Conferência de Segurança de Munique, Tshisekedi "recebeu o apoio de muitos países-membros da União Europeia, que condenaram claramente as ações criminosas do Ruanda na RDCongo e estão a trabalhar para estabelecer sanções apropriadas contra o regime de Kigali", garantiu a Presidência.
O M23 disse ter entrado em Bukavu depois de ter tomado, na sexta-feira, a cidade de Kavumu e o aeroporto, a 30 quilómetros da capital provincial, para impedir que o exército da RDCongo e os seus aliados, incluindo o exército do Burundi e milícias, "continuem a utilizar as instalações como base para lançar ataques contra a população civil", disse o porta-voz do grupo.
Lawrence Kanyuka acusou o exército de cometerem "pilhagens e outros abusos" antes de sair de Bukavu.
"Exortamos a população de Bukavu a organizar comités locais de vigilância para manter a segurança e a nomear pessoas honestas e responsáveis para os dirigir", declarou o porta-voz da Aliança Rio Congo (AFC-M23), uma coligação político-militar que inclui os rebeldes do M23.
Além disso, o grupo exigiu "a retirada imediata das Forças de Defesa Nacional do Burundi do território congolês", onde "exacerbaram a limpeza étnica, as atrocidades em massa e uma crise humanitária sem precedentes".
O M23 atacou Bukavu, a segunda maior cidade do leste da RDCongo, com uma população de pouco mais de um milhão de habitantes, apesar das garantias dadas em 03 de fevereiro de que não tinha intenção de tomar a cidade.
O grupo controla grande partes das províncias de Kivu Norte e Kivu Sul, ricas em minerais como ouro e coltan, essenciais para a indústria tecnológica e para o fabrico de telemóveis.
A ofensiva do M23 - composto maioritariamente por tutsis vítimas do genocídio ruandês de 1994 - fez aumentar as tensões da RDCongo com o Ruanda, com Kinshasa a acusar Kigali de apoiar o grupo armado, uma alegação confirmada pela ONU.
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