"Continuamos preocupados e insatisfeitos com a forma como as operações de libertação decorreram", disse o CICV, acrescentando que "as preocupações específicas estão a ser transmitidas diretamente às partes num diálogo bilateral e confidencial".
"Temos sido consistentes na nossa visão, expressada pública e privadamente, de que todas as libertações devem ocorrer de forma privada e digna", explicou a organização, reiterando a sua disponibilidade para facilitar futuras trocas dentro da estrutura do acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas, que está em vigor desde 19 de janeiro.
Na quinta-feira, após a entrega dos restos mortais de reféns israelitas, o CICV disse que o seu papel "era cumprir um dever humanitário vital para permitir que as famílias vivessem o luto com dignidade", antes de insistir que "as operações devem ser realizadas em segredo e com o máximo respeito pelos falecidos e pelos que ficaram de luto".
A cerimónia de entrega dos corpos de quatro reféns israelitas no sul de Gaza foi criticada por Israel, cujo ministro dos Negócios Estrangeiros, Gideon Saar, descreveu o "espetáculo monstruoso" organizado pelo grupo islâmico palestiniano como "repulsivo e horrendo".
Também o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, condenou o "desfile de cadáveres" e a "exibição" dos caixões dos quatro reféns israelitas, enquanto o Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Turk, descreveu a cerimónia como "aberrante e cruel", sublinhando que esta forma de agir "viola o direito internacional".
O CICV reagiu ainda às acusações de Israel contra o Hamas por entregar restos mortais que não correspondem aos de um dos reféns mortos em Gaza.
Hoje, o Exército israelita disse que, embora tenha confirmado que dois dos corpos são de Ariel e Kfir Bibas, com quatro anos e nove meses de idade na altura do rapto durante os ataques de 07 de outubro de 2023, outro corpo não corresponde ao da sua mãe, Shiri Bibas.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, disse que o Hamas pagaria o preço pela sua "violação cruel e atroz do acordo de cessar-fogo" em vigor desde 19 de janeiro, e realçou que o corpo entregue num dos caixões era de "uma mulher de Gaza".
O Hamas, por sua vez, emitiu um comunicado no qual manifestou a sua "surpresa" com as críticas de Israel e insistiu que "existe a possibilidade de um engano ou confusão com os corpos, provocado pelo facto de a ocupação ter atacado e bombardeado o local onde a família estava, juntamente com outros palestinianos".
"Vamos examinar estas alegações muito seriamente e fornecer resultados claros", disse o movimento islamita palestiniano, acrescentando que "informará os mediadores sobre os resultados dos exames e investigações".
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