Senhorio nos EUA culpado de homicídio contra família palestiniana

Um júri considerou hoje culpado um proprietário de Illinois, nos Estados Unidos, das acusações de homicídio e crime de ódio num ataque brutal em 2023 contra uma família américo-palestiniana que resultou na morte de uma criança de seis anos.

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Lusa
28/02/2025 21:30 ‧ há 3 horas por Lusa

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Joseph Czuba, de 73 anos, foi acusado pelo esfaqueamento fatal de Wadee Alfayoumi e pelo ferimento da sua mãe, Hanan Shaheen, em 14 de outubro de 2023 em Plainfield, a cerca de 64 quilómetros de Chicago.

 

As autoridades alegaram que a família --- que estava a alugar quartos na casa de Czuba --- foi visada por causa da sua fé islâmica e como resposta à guerra entre Israel e o grupo islamita Hamas desde 07 de outubro de 2023 na Faixa de Gaza.

Os jurados deliberaram durante menos de 90 minutos sobre o crime que renovou os receios de discriminação islamofóbica na grande e estabelecida comunidade palestiniana da região de Chicago.

O julgamento contou com depoimentos detalhados de polícias, profissionais de saúde, da ex-mulher de Czuba e de Shaheen, que descreveram como o agressor a atacou com uma faca antes de perseguir o filho noutra sala.

Os procuradores dizem que a criança foi esfaqueada 26 vezes antes de ser encontrada nua, com a faca ainda espetada no flanco.

Imagens gráficas do homicídio, um porta-facas que Czuba terá usado naquele dia, juntamente com vídeos da polícia, foram fundamentais para o caso dos procuradores do Condado de Will.

Por vezes, ecrãs de vídeo que mostravam cenas explícitas eram desviados do público que assistia ao julgamento, onde os familiares de Wadee estavam sentados, segundo a agência Associated Press (AP).

"Se não bastasse o facto de o arguido ter morto o rapaz, deixou a faca no corpo", frisou Michael Fitzgerald, procurador público assistente do Condado de Will, aos jurados durante as alegações.

Czuba declarou-se inocente de oito acusações, que incluem homicídio, tentativa de homicídio, agressão agravada e crime de ódio, e os advogados de defesa insistiram que faltavam provas que o ligassem aos crimes.

A sua ex-mulher, testemunhando à acusação, só conseguiu descrever uma "explosão" durante 30 anos de casamento e disse que ele andava com facas com frequência porque era útil em casa.

Uma das partes essenciais do julgamento foi o testemunho de Shaheen e a chamada para o 911 que fez para relatar o crime que aconteceu poucos dias após o início da guerra na Faixa de Gaza.

Ela disse que a família não teve qualquer problema nos dois anos em que alugou a casa aos Czubas, com os quais partilhava uma cozinha e uma sala de estar.

Depois, após o início do conflito, Czuba disse-lhe que tinham de se mudar porque os muçulmanos não eram bem-vindos.

Mais tarde, confrontou Shaheen e atacou-a, segurando-a no chão, esfaqueando-a e tentando partir-lhe os dentes.

"Ele disse-me: 'Tu, como muçulmana, deves morrer'", contou Shaheen, que testemunhou em inglês e árabe através de um tradutor.

A mulher recebeu mais de uma dúzia de facadas e demorou semanas a recuperar. O menino foi posteriormente declarado morto.

A polícia testemunhou que os agentes encontraram Czuba à porta de casa, sentado no chão, com sangue no corpo e nas mãos.

Separadamente, foram intentadas ações civis pela morte da criança, incluindo pelo pai, Odai Alfayoumi, que é divorciado de Shaheen e não vivia com a família.

O caso, que tem motivado notícias em todo o mundo, acontece em plena e crescente hostilidade contra muçulmanos e palestinianos nos Estados Unidos desde que o Hamas atacou Israel, em outubro de 2023, dando início à atual guerra.

O Departamento de Justiça norte-americano também iniciou uma investigação federal sobre crimes de ódio.

Leia Também: Amnistia pede libertação de reféns em Gaza e prisioneiros palestinianos

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