Israel bloqueou no domingo a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, invocando desacordos com o Hamas sobre a forma de prosseguir o cessar-fogo.
Netanyahu criticou o movimento radical palestiniano por ter rejeitado uma proposta dos Estados Unidos que previa o prolongamento da primeira fase da trégua durante o Ramadão e a Páscoa, ou seja, até meados de abril.
O Hamas insiste na aplicação das duas fases restantes do acordo de tréguas inicial mediado pelo Qatar com a ajuda dos Estados Unidos e do Egito.
Segundo o canal público israelita Kan, Netanyahu quer prolongar a primeira fase do acordo de cessar-fogo pelo menos por uma semana, até à chegada à região do enviado norte-americano para o Médio Oriente, Steve Witkoff.
Fontes próximas de Netanyahu disseram ao canal que o primeiro-ministro espera para ver se os mediadores conseguem persuadir o Hamas a prolongar a primeira fase da trégua, caso contrário "tenciona retomar os combates" na Faixa de Gaza.
Netanyahu elaborou medidas para aumentar a pressão sobre o Hamas esta semana, um projeto apelidado de "Plano Inferno", noticiou o canal público israelita, citado pela agência francesa AFP.
Após o bloqueio da ajuda humanitária a Gaza, o plano prevê a deslocação forçada dos habitantes do norte do território palestiniano para o sul e a interrupção do fornecimento de eletricidade.
A medida final, se o Hamas não aceitar um compromisso, será o regresso total à guerra, desta vez utilizando as bombas pesadas recentemente disponibilizadas pela nova administração norte-americana de Donald Trump.
O diário Israel Hayom referiu, no entanto, que Netanyahu, ao contrário dos seus aliados de extrema-direita no Governo, "quer esgotar todas as possibilidades de libertar os reféns antes de retomar a guerra".
O cessar-fogo interrompeu 15 meses de combates na Faixa de Gaza, no âmbito da ofensiva lançada por Israel depois de ter sofrido um ataque do Hamas em 07 de outubro de 2023.
Dos 251 reféns sequestrados pelo Hamas durante o ataque em Israel, 62 continuam detidos em Gaza, incluindo 35 mortos, segundo o exército israelita.
No ataque sem precedentes, os militantes do Hamas e de outros grupos radicais mataram também cerca de 1.200 pessoas, segundo as autoridades israelitas.
A retaliação israelita fez mais de 48.300 mortos em Gaza, de acordo com o Hamas.
A segunda fase do acordo devia ter começado no domingo e previa o fim definitivo da guerra e a libertação dos últimos reféns mantidos na Faixa de Gaza.
A terceira e última fase tem a ver com a reconstrução do enclave palestiniano, um projeto com um custo de mais de 53 mil milhões de dólares (50,5 mil milhões de euros, ao câmbio atual), segundo estimativas da ONU.
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