Membro da caravana de Mondlane ferido após disparos da polícia em Maputo

Um membro da caravana do ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane ficou ferido após disparos da polícia para dispersar uma multidão que acompanhava uma passeata, em Maputo, liderada pelo político moçambicano.

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© ALFREDO ZUNIGA/AFP via Getty Images

Lusa
05/03/2025 13:02 ‧ há 11 horas por Lusa

Mundo

Moçambique

O incidente aconteceu por volta das 13:00 (menos duas horas em Lisboa) no bairro de Hulene, ao longo da avenida Julius Nyerere, quando a caravana que acompanhava Venâncio Mondlane seguia em direção à Praça dos Combatentes, partindo da Praça da Juventude, no bairro Magoanine, nos subúrbios de Maputo.

 

"Surpreendemo-nos quando um grupo da polícia fortemente armado começou a disparar diretamente contra a viatura onde estava Venâncio Mondlane, foram gás lacrimogéneo, alguns explosivos, balas verdadeiras direcionadas e tivemos que sair em fuga, porque o cenário não estava agradável", relatou à Lusa Abdul Nariz, da equipa de comunicação do ex-candidato presidencial.

Um membro da comitiva de Mondlane está entre os feridos durante os disparos da polícia moçambicana, disse Abdul Nariz, sem mais detalhes.

A polícia moçambicana posicionou-se em todas as principais vias e avenidas que dão acesso ao Centro de Conferências Joaquim Chissano, local onde será assinado hoje o acordo político entre o Presidente de Moçambique e formações partidárias no âmbito do diálogo em curso.

O Presidente moçambicano e os principais partidos políticos de Moçambique assinam um acordo focado em reformas estatais, no âmbito do diálogo político para o fim da crise pós-eleitoral no país.

A cerimónia terá lugar no Centro de Conferências Joaquim Chissano, a partir das 15:00 (menos duas em Lisboa), e, além dos partidos com assento parlamentar, incluindo o que apoiou Mondlane nas presidenciais, o Povo Otimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos), a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) e o Movimento Democrático de Moçambique (MDM), o acordo vai ser assinado também pelo extraparlamentar Nova Democracia, num diálogo que, no último encontro, incluiu formações partidárias com representação nas assembleias provinciais e municipais.

Embora o chefe de Estado moçambicano tenha por diversas vezes prometido "alargar a mesa do diálogo" para "vários segmentos da sociedade", uma das principais críticas levantadas por académicos e analistas continua a ser a ausência de Venâncio Mondlane, o segundo mais votado nas últimas eleições de acordo com o Conselho Constitucional e que lidera a maior contestação a resultados eleitorais que o país conheceu desde as primeiras eleições, em 1994.

O Presidente de Moçambique, Daniel Chapo, disse em 22 de fevereiro que vai combater as manifestações pós-eleitorais e assegurar a independência e soberania do país.

"Tal como estamos a combater o terrorismo e há jovens que estão a derramar sangue para a integridade territorial de Moçambique, para a soberania de Moçambique, para manter a nossa independência, aqui em Cabo Delgado, mesmo se for para jorrar sangue para defender essa pátria contra as manifestações, vamos jorrar sangue", disse o Presidente moçambicano.

Moçambique vive desde outubro um clima de forte agitação social, com manifestações e paralisações convocadas pelo ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane, que rejeita os resultados eleitorais de 09 de outubro, que deram vitória a Daniel Chapo.

Atualmente, os protestos, agora em pequena escala, têm estado a ocorrer em diferentes pontos do país e, além da contestação aos resultados, os populares queixam-se do aumento do custo de vida e de outros problemas sociais.

Desde outubro, pelo menos 353 pessoas morreram, incluindo cerca de duas dezenas de menores, e cerca de 3.500 ficaram feridas durante os protestos, de acordo com a plataforma eleitoral Decide, organização não-governamental que acompanha os processos eleitorais.

O Governo moçambicano confirmou pelo menos 80 óbitos, além da destruição de 1.677 estabelecimentos comerciais, 177 escolas e 23 unidades sanitárias, durante as manifestações.

Leia Também: PR moçambicano e principais partidos assinam hoje acordo

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