"Devido aos recentes confrontos" no estado de Rakhine, vizinho do Bangladesh, "os habitantes de 10 aldeias situadas em torno da zona de combate fugiram", declarou Aung Aung, representante de um comité de socorro local.
O Exército Arakan luta contra o exército birmanês, do qual é um dos mais poderosos opositores, na região costeira onde a China deverá construir oleodutos, centrais elétricas e ligações de transportes.
"De acordo com os dados que recebemos, cerca de 4.000 pessoas foram deslocadas", elevando o número total de deslocados na zona para cerca de 15.000, disse Aung à agência francesa AFP.
A região tornou-se o palco de uma das principais frentes da guerra civil que opõe grupos rebeldes de minorias étnicas e apoiantes da restauração da democracia às tropas da junta militar.
Isolados na cena internacional, os generais no poder no poder na antiga Birmânia desde o golpe de 2021 estão profundamente dependentes da China, segundo a AFP.
Novos combates eclodiram no final de fevereiro em torno da cidade de Kyaukphyu, onde a China prometeu construir um porto de águas profundas, num investimento estimado em nove mil milhões de dólares (8,4 mil milhões de euros, ao câmbio atual).
Embora o projeto do porto tenha sido em grande parte bloqueado pelos combates, Kyaukphyu deverá ser o local de uma central elétrica e de um gasoduto apoiados pela China, bem como de uma base naval.
Um representante de uma organização de assistência que trabalha no estado de Rakhine, falando sob condição de não ser identificado, alertou para a "necessidade de cuidados de saúde e medicamentos para as pessoas deslocadas".
Um porta-voz dos militares no poder não pôde ser contactado para comentar o assunto, enquanto um porta-voz do Exército Arakan não respondeu aos pedidos da AFP.
De acordo com as Nações Unidas, mais de 3,5 milhões de pessoas estão deslocadas no país do sudeste asiático, incluindo mais de 500.000 só no estado de Rakhine.
O golpe militar de 01 de fevereiro de 2021 derrubou o governo do partido da Liga Nacional para a Democracia, da prémio Nobel da Paz Aung Sang Suu Kyii, que está na prisão desde então.
Os militares já tinham estado no poder entre 1962 e 2011, tendo o golpe de 2021 interrompido o processo de transição democrática no país.
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