"Os cortes de financiamento de 2025 terão um impacto devastador nos programas de tuberculose, particularmente nos países de baixo e médio rendimento que dependem fortemente da ajuda internacional, uma vez que os EUA têm sido o maior doador bilateral", adiantou a agência das Nações Unidas em comunicado.
Segundo o organismo liderado por Tedros Adhanom Ghebreyesus, nas últimas duas décadas, os programas de prevenção, testagem e tratamento da tuberculose salvaram mais de 79 milhões de vidas, evitando cerca 3,65 milhões de mortes só em 2024 devido à doença infecciosa mais mortal do mundo.
"Este progresso foi impulsionado pela ajuda externa crítica aos países de baixo e médio rendimento, principalmente da USAID", agência norte-americana para o desenvolvimento internacional, referiu a OMS, salientando que os EUA disponibilizaram anualmente entre 200 e 250 milhões de dólares (185 e 232 milhões de euros) para combater a doença.
Este montante foi cerca de um quarto do total do financiamento dos doadores internacionais, alertou ainda a OMS.
De acordo com a OMS, estes "cortes abruptos no financiamento" ameaçam agora anular os ganhos "duramente conquistados, colocando milhões de pessoas, especialmente as mais vulneráveis, em grave risco".
A OMS referiu que a região africana é a mais afetada pelas interrupções do financiamento, seguida pelas regiões do Sudeste Asiático e do Pacífico Ocidental.
"Qualquer perturbação nos serviços de tuberculose --- sejam financeiros, políticos ou operacionais --- pode ter consequências devastadoras e, muitas vezes, fatais para milhões de pessoas em todo o mundo", alertou Tereza Kasaeva, diretora do Programa Global da OMS para esta doenças infecciosa.
Os primeiros dados dos 30 países com maior carga de doença confirmam que a retirada do financiamento já está a levar ao desmantelamento de serviços essenciais, com as cadeias de fornecimento de medicamentos a ser interrompidas devido à suspensão de funcionários, falta de fundos e falha nos dados.
Além disso, a USAID, o terceiro maior financiador mundial de investigação sobre a tuberculose, interrompeu o financiamento aos testes, "interrompendo gravemente o progresso na investigação e inovação" que estava a ser desenvolvida, salientou ainda a OMS.
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