Pelo menos 13 mortos em ataque do M23 dissipa esforços de paz na RDCongo

Pelo menos 13 civis foram mortos terça-feira à noite no leste da República Democrática do Congo (RDCongo) pelos rebeldes do M23, denunciou hoje um líder da sociedade civil democrático congolesa, num incidente que dissipa os esforços de paz.

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© Marcos del Mazo/LightRocket via Getty Images

Lusa
19/03/2025 15:12 ‧ há 5 horas por Lusa

Mundo

RDCongo

O incidente ocorreu, no território de Nyirangongo, perto da cidade de Goma, capital da província de Kivu Norte, tomada pelos rebeldes do Movimento 23 de Março (M23) em janeiro passado.

 

Os relatos surgiram poucas horas depois dos Presidentes da República Democrática do Congo (RDCongo) e do Ruanda se terem reunido em Doha, numa iniciativa de mediação do emir do Qatar, Tamim bin Hamad Al-Thani.

Os dois Presidentes, Félix Tshisekedi (RDCongo) e Paul Kagame (Ruanda), discutiram o conflito no leste da RDCongo que opõe as forças governamentais aos rebeldes do M23, apoiado pelo Ruanda.

No final da reunião, numa declaração conjunta os três chefes de Estado reafirmaram o empenhamento de todas as partes num cessar-fogo "imediato e incondicional" e os líderes democrático-congolês e ruandês concordaram com a necessidade de prosseguir as conversações iniciadas em Doha, "a fim de estabelecer bases sólidas para uma paz duradoura".

Relativamente ao incidente de terça-feira à noite, Julien Kinyambisa, líder da sociedade civil de Nyirangongo, disse à agência EFE que as vítimas "eram jovens" e que desconhecia os motivos por que foram eliminados.

Os esforços diplomáticos para encontrar um compromisso de paz têm resultado infrutíferos.

Tshisekedi e Kagame deviam ter-se encontrado numa cimeira de paz convocada para 15 de dezembro na capital angolana, depois de um acordo de cessar-fogo, assinado em Luanda em 30 de julho e que entrou em vigor em 04 de agosto, ter sido interrompido por novos combates. O encontro acabou por não acontecer devido à ausência de Kagame.

O encontro dos dois líderes em Doha ocorreu no mesmo dia em que estava previsto o início de um diálogo de paz direto entre delegações da RDCongo e dos rebeldes em Angola, país que também atua como mediador do conflito.

A reunião em Angola não se chegou a realizar, após o M23 ter cancelado a sua participação na sequência da imposição de sanções contra alguns dos seus dirigentes pela União Europeia (UE).

Num comunicado divulgado ao final da tarde em Luanda, o Ministério das Relações Exteriores angolano anunciava que o encontro entre delegações da RDCongo e do M23 foi adiado para "momento oportuno", devido a "circunstâncias de força maior".

O Governo angolano, que assume o papel de mediador na procura de uma solução para o conflito em curso no leste da RDCongo, assegura que "continua a envidar todos os esforços para que o referido encontro se realize em momento oportuno, reafirmando ser o diálogo a única solução duradoura para a pacificação" naquela região da vizinha RDCongo.

O encontro de Luanda marcaria o início das negociações diretas para a paz e inseria-se nas "diligências levadas a cabo pela mediação angolana no conflito que afeta o leste da RDCongo", segundo anunciou a Presidência angolana.

O M23 tem avançado no território democrático congolês desde janeiro, altura em que tomou Goma, capital da província de Kivu do Norte.

Em fevereiro, o M23, que é apoiado pelo Ruanda - segundo a ONU e países como os EUA, a Alemanha e a França -, apoderou-se de Bukavu, a capital estratégica da vizinha província de Kivu do Sul.

Os rebeldes controlam agora as capitais destas duas províncias, que fazem fronteira com o Ruanda e são ricas em minerais como o ouro e o coltan, essenciais para a indústria tecnológica e para o fabrico de telemóveis.

Leia Também: Encontro entre Governo da RDCongo e rebeldes do M23 adiado

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