"Depois disto, não sabemos o que vamos fazer", lamentou Hayatullah Omagh, de 29 anos, que fugiu do Afeganistão em 2022 após a tomada do poder pelos talibãs, citado pela agência noticiosa Associated Press (AP).
Em fevereiro, os Estados Unidos deportaram para o Panamá cerca de 300 pessoas provenientes, na sua maioria, de países asiáticos. O país aliado centro-americano deveria ser apenas uma escala para migrantes de países mais difíceis de deportar, já que a administração Trump tentou acelerar as expatriações.
Enquanto alguns migrantes concordaram em regressar voluntariamente aos seus países a partir do Panamá, outros recusaram voltar por receio de serem perseguidos e foram enviados para um campo remoto na selva de Darien.
No início de março, o Panamá libertou os restantes migrantes do campo, dando-lhes um mês para deixarem o Panamá, com o governo a indicar que estes recusaram apoio de organizações internacionais e agiram em modo próprio.
Mas com pouco dinheiro, sem familiaridade com o Panamá e com pouco ou nenhum conhecimento do castelhano, os migrantes têm tido dificuldades em assegurar asilo junto de representações diplomáticas do Canadá, Reino Unido, Suíça ou Austrália.
Os contactos têm sido recusados ou tem sido dada a informação sobre a necessidade de os migrantes telefonarem ou enviarem correio eletrónico.
Em resposta ao correio eletrónico que enviou, Omagh foi informado que a Embaixada do Canadá no Panamá "não oferece serviços de vistos ou de imigração, nem serviços para refugiados".
Na embaixada britânica, um segurança entregou aos requerentes de asilo um panfleto onde se lia "Ajuda de emergência para britânicos".
O consulado suíço disse ao grupo que teriam de contactar a embaixada na Costa Rica, e entregou aos imigrantes um pedaço de papel com linhas telefónicas gerais e emails impressos a partir do site da embaixada.
Os diplomatas canadianos, britânicos e australianos no Panamá não responderam ao pedido de comentário, tendo o consulado suíço negado que recusou informações aos requerentes de asilo.
A administração Trump fechou simultaneamente as vias legais para os EUA na sua fronteira sul, aumentou o seu programa de deportação, suspendeu a reinstalação de refugiados e o financiamento de organizações que poderiam potencialmente ajudar os migrantes agora presos no Panamá.
Na quinta-feira, os imigrantes visitaram os escritórios da agência de refugiados da ONU no Panamá, com Omagh a relatar que não poderia existir apoio na procura de asilo devido às restrições impostas pelo governo panamiano.
A organização não fez comentários à AP, que lembrou as palavras recentes do seu chefe, Filippo Grandi, sobre como os cortes no financiamento da ajuda externa de Washington prejudicariam os apoios aos refugiados.
"Apelamos aos Estados membros para que honrem os seus compromissos para com as pessoas deslocadas. Agora é tempo de solidariedade, não de recuo", afirmou na quinta-feira.
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