O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Guo Jiakun, disse numa conferência de imprensa que os Estados Unidos "há muito que abusam de sanções unilaterais ilegais" e de "jurisdição de longo alcance", apelando a Washington para que "retire as suas sanções" contra Caracas.
Guo afirmou que o seu país "se opõe firmemente à interferência brutal nos assuntos de outros países" e instou os Estados Unidos a "fazer mais pelo desenvolvimento pacífico e estável da Venezuela".
"Não há vencedores nas guerras comerciais e nas guerras tarifárias, e a imposição de tarifas só levará a maiores perdas para as empresas e consumidores dos Estados Unidos", acrescentou o porta-voz.
Guo não disse se a China suspenderia as suas importações de petróleo bruto venezuelano caso Washington impusesse as tarifas anunciadas ao país asiático.
As tarifas anunciadas pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, entrarão em vigor a 02 de abril e o líder republicano deixou nas mãos do secretário de Estado, Marco Rubio, a tarefa de impor as taxas aos países considerados apropriados.
Numa mensagem na rede social Truth, Trump assinalou que "qualquer país que compre petróleo e/ou gás da Venezuela terá de pagar uma tarifa de 25% aos Estados Unidos sobre quaisquer transações comerciais" que efetue com os Estados Unidos.
Esta "tarifa secundária" responde, afirmou o chefe de Estado naquela plataforma, ao facto de a Venezuela ter enviado para os Estados Unidos "dezenas de milhares de criminosos de alto nível e outros criminosos" de forma "intencional e fraudulenta".
De acordo com dados da alfândega chinesa, a Venezuela é o 12.º maior exportador de petróleo para o gigante asiático, com 1,4 milhões de toneladas métricas vendidas à China em 2024.
Trump já tinha decidido duplicar as tarifas adicionais impostas à China para 20%, pouco depois de regressar à Casa Branca, justificando a sua decisão com o facto de, na sua opinião, Pequim não estar a fazer o suficiente para impedir a entrada de fentanil nos Estados Unidos.
Desconhece-se, nesta fase, se eventuais novas taxas sobre a China relacionadas com o petróleo venezuelano se juntariam à duplicação acima referida.
Na sua primeira presidência (2017-2021), Trump manteve uma relação tensa com Pequim, impondo vários pacotes de tarifas no valor de cerca de 370 mil milhões de dólares anuais, às quais a China respondeu com taxas sobre as exportações dos Estados Unidos.
Pequim também acusou hoje o Canadá de prejudicar gravemente os seus interesses, depois de ter apresentado uma queixa à Organização Mundial do Comércio (OMC) contestando as taxas alfandegárias aplicadas por Pequim aos produtos canadianos.
"Pedimos ao Canadá que tome medidas concretas para corrigir as suas más práticas e garantir a cooperação e as trocas comerciais entre as empresas de ambos os países", declarou o porta-voz chinês.
O Canadá apresentou esta queixa perante a OMC para contestar as taxas alfandegárias aplicadas pela China sobre os produtos agrícolas e da pesca, anunciou na segunda-feira a organização internacional.
O pedido de consultas do Canadá constitui o ponto de partida formal para os procedimentos de resolução de litígios na OMC. Estas consultas dão às partes a oportunidade de examinar a questão e, se possível, encontrar uma solução satisfatória.
Após 60 dias, se as consultas não resolverem o litígio, o país queixoso poderá solicitar à OMC que remeta o assunto para um painel de peritos para julgamento. Conforme exigido pelo procedimento, o Canadá enviou uma comunicação à China detalhando a sua queixa.
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