A Coreia do Sul está a ser acusada de "exportar em massa" crianças para adoção, durante décadas, numa clara violação dos direitos humanos, avançam vários meios de comunicação social internacionais.
De acordo com a BBC, a Comissão de Verdade e Reconciliação, que investigou o caso, revelou, na quarta-feira, que as agências de adoção da Coreia do Sul enviaram crianças para outros países como se fossem "bagagem".
Os investigadores concluíram que algumas crianças foram registadas como órfãs pelas agências, mas tinham pais, e que, alguns bebés morreram antes das viagens e foram substituídos por outros.
As conclusões da investigação, que durou dois anos, são chocantes. Houve violações de direitos humanos em pelo menos 56 dos 367 casos, correspondentes a crianças enviadas para adoção para outros países entre 1964 e 1999.
Os menores em causa foram adotados por famílias de 11 países, incluindo EUA, França, Dinamarca e Suécia.
"Crianças enviadas para o estrangeiro como bagagem"
Do relatório da comissão fazem parte várias imagens das vítimas, entre as quais uma foto de bebés enrolados em cobertores e presos a assentos de avião, que remonta a 1984. Na legenda lê-se: "Crianças enviadas para o estrangeiro como bagagem".
O mesmo documento revela ainda que as agências de adoção da Coreia do Sul cumpriam "metas mensais de envio de crianças", estabelecidas por instituições estrangeiras.
Segundo a comissão, criada por uma lei do parlamento do país, em 2020, "durante quase 50 anos, após a Guerra da Coreia, o governo priorizou a adoção internacional como uma alternativa de baixo custo ao fortalecimento das políticas nacionais de bem-estar infantil".
As autoridades sul-coreanas não fiscalizaram o processo, nem impediram irregularidades.
A comissão, constituída por oito pessoas indicadas pelo governo e por partidos de oposição, pede agora que o executivo sulcoreano faça um pedido de desculpas oficial ao país, faça um levantamento sobre a situação de cidadania de todos os que foram adotados nestas circunstâncias e indemnize as vítimas que foram alvo de falsificação de identidade.
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