Em comunicado, Kaja Kallas, Alta-Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, diz que a guerra do Sudão desencadeou a "situação humanitária mais catastrófica do século XXI" e prejudicou, nos dois anos que se cumprem a 15 de abril, "as vidas de milhões de civis".
"Prejudicou a esperança de uma revolução entre 2018 e 2019, a fragmentação adensou-se ao nível político e étnico. A unidade e integridade territorial do Sudão estão em perigo", escreveu a ex-primeira-ministra da Estónia.
Em nome da UE, Kaja Kallas fez um "forte apelo" para que o conflito seja resolvido com a intervenção de todas as partes envolvidas "para um cessar-fogo imediato e duradouro".
"A responsabilidade por esta guerra continua a estar nos ombros das Forças de Ação Rápida (RSF) e das Forças Armadas Sudanesas, assim como das respetivas milícias afiliadas. A UE pede a todos os países que estão a fornecer armamento aos beligerantes que deixem de o fazer imediatamente", sustentou.
Na ótica do bloco comunitário, deve ser priorizada a "união em favor da paz".
Aliando-se aos esforços da União Africana para mediar e tentar aproximar o conflito de uma resolução pacífica, a UE recordou a que "a fome é a constante e a insegurança alimentar continua a crescer" - há mais de 25 milhões de pessoas a passar "fome aguda" neste país devastado pela guerra.
O conflito também desencadeou o maior número de deslocados de um único país: aproximadamente 12,6 milhões de pessoas.
"O conflito está a espalhar-se para os países vizinhos, adensando o sofrimento humano e destabilizando ainda mais a região [...], a UE e os Estados-membros pedem que todos os impedimentos burocráticos e administrativos sejam levantados para possibilitar o acesso desimpedido e a segurança não só dos civis, mas também dos trabalhadores humanitários", exortou Kaja Kallas.
Em simultâneo, a Alta-Representante para os Negócios Estrangeiros pediu o "fim da cultura de impunidade", nomeadamente a "violência sexual e de género, fome, homicídios arbitrários, sequestros de crianças, recrutamento forçado [para combater], ataques com motivações étnicas, que têm sido utilizados como arma de guerra a uma dimensão e ritmo sem precedentes, com consequências principalmente para mulheres e crianças".
"A UE condena estas gigantescas atrocidades", completou.
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