As chuvas fortes, que têm afetado a Bolívia desde novembro, nos últimos dias deixaram várias zonas do país alagadas, obrigando à mobilização de mais de quatro mil militares para acudir as populações afetadas.
Na região rural de Beni, perto da fronteira com o Brasil, os grandes prados onde as vacas costumam pastar ficaram submersos, obrigando o gado e quem o pastoreia a nadar para chegar a pequenas zonas onde o terreno é um pouco mais alto e a água ainda não chega.
Estas chuvas são as mais intensas que o país enfrenta nas últimas décadas. Deixaram os ranchos e os campos onde se cultivam soja submersos, colocando em risco as exportações que o país faz de produtos agrícolas e fazendo subir os preços dos alimentos locais.
“As inundações que estamos a viver neste momento são muito invulgares, muito graves para esta época do ano. A água não para de subir. É difícil prever quanto mais vai subir”, afirmou, à agência Reuters, o criador de gado Gunther Amatller, enquanto resgatava o gado da água das cheias.
Segundo as estimativas locais, cerca de 200 mil cabeças de gado, que correspondem a 2% do gado do país, estão em risco, a lutar contra a água das cheias e o cansaço.
A zona de Beni fornece carne de vaca para todo o país e exporta para outros países, como a China.
Estas cheias já afetaram 590 mil famílias mataram pelo menos 55 pessoas. Em cidades como Puerto Almacén e Puerto Ballivián, famílias inteiras foram obrigadas a abandonar as casas.
“O meu gado está a sofrer e os animais estão a ficar extremamente magros. Além disso há muitas cobras e panteras na área inundada”, lamentou Teresa Vargas, proprietária da fazenda Cheperepije.
Os meteorologistas do país têm explicado que os padrões climáticos foram alterados pelas alterações climáticas, que não só atrasaram a época das chuvas como as tornaram mais intensas.
O rio que transbordou e tem inundado tudo é o rio Mamoré, um rio amazónico que atravessa a Bolívia e o Brasil.
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