"Pelo menos dois milhões e meio de toneladas de entulho, ou seja, cerca de 125 mil camiões, precisam de ser removidos", de acordo com dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), divulgados hoje em comunicado.
"Mais de 60 mil pessoas estão em locais de acolhimento temporário" e têm "muito medo de regressar a casa", disse o representante do PNUD em Myanmar (antiga Birmânia), Titon Mitra.
Os dados avançados pelo PNUD têm como base imagens de satélite do UNosat, do Centro de Satélites da ONU e da rede europeia Copernicus, bem como dados da Microsoft e do projeto europeu Global Human Settlement Layer sobre edifícios.
O sismo de magnitude 7,7 na escala de Richter de dia 28 de março matou mais de 3.600 pessoas em Myanmar e causou grandes danos materiais, de acordo com um relatório divulgado pela junta militar que controla o país na semana passada.
Muitos dos edifícios expostos ao terramoto não foram concebidos para suportar uma atividade sísmica tão poderosa, explicou o PNUD.
No entanto, as Nações Unidas consideram que as imagens de satélite podem não revelar todo o cenário de desastre, embora já seja muito preocupante.
"É crucial que verifiquemos rapidamente as imagens no solo", defendeu Titon Mitra.
"Precisamos de colocar os doentes e os deslocados de volta em locais com tetos sólidos e começar a reparar as infraestruturas críticas", acrescentou, referindo que "os doentes estão agora a ser alojados em parques de estacionamento, expostos a calor de 40 graus e a chuvas fortes".
O responsável alertou ainda para os riscos do mau funcionamento das infraestruturas, avisando que o abastecimento de água não está a funcionar e que os transportes também foram afetados.
Os dados permitem ao PNUD identificar áreas prioritárias para o envio de engenheiros para conduzir uma avaliação rápida das necessidades de edifícios e infraestruturas críticas.
"É uma ferramenta visual poderosa que combina imagens de satélite com dados locais para fornecer uma imagem clara e em tempo real do impacto do desastre", argumentou o diretor de Preparação para Crises, Resposta e Recuperação do PNUD, Devanand Ramiah, também citado no comunicado.
"Ao cruzar as estimativas populacionais, os dados de construção e a análise de danos, os socorristas podem identificar rapidamente as áreas mais afetadas e dar prioridade aos seus esforços", acrescentou.
O PNUD apela a que seja "urgentemente reforçada uma resposta internacional" para apoiar a reconstrução.
Reconhecendo a complexidade de operar num país que enfrenta várias crises ao mesmo tempo, a agência da ONU considerou "essencial que estes esforços se estendam às zonas urbanas e rurais afetadas".
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