Os advogados que representam o autarca argumentaram junto do Tribunal Criminal de Primeira Instância de Istambul que a investigação sobre Imamoglu foi alegadamente conduzida em violação dos padrões legais.
Após a rejeição de hoje, espera-se que os defensores renovem o pedido de recurso.
O tribunal negou também os pedidos de recurso de Murat Ongun, presidente de uma empresa de comunicação social ligada à câmara municipal de Istambul e conselheiro próximo de Imamoglu, e de outros suspeitos que foram detidos por acusações de corrupção juntamente com o autarca, de acordo com a agência noticiosa turca.
Imamoglu, uma destacada figura da oposição ao Presidente da Turquia, o conservador islâmico Recep Tayyip Erdogan, foi detido a 19 de março e formalmente preso por acusações de corrupção quatro dias depois.
A detenção de Ekrem Imamoglu tem sido amplamente criticada e associada a motivações políticas, nomeadamente à intenção de afastar um forte rival de Erdogan antes das eleições presidenciais, que estão marcadas para 2028. A oposição turca tem pedido uma antecipação do escrutínio.
A detenção do presidente da câmara de Istambul e a sua subsequente destituição do cargo desencadearam a maior onda de protestos antigovernamentais na Turquia em mais de uma década.
O Governo insiste que o poder judicial opera de forma independente e sem interferência política.
Noventa e duas pessoas, na maioria jovens e estudantes universitários, continuam detidas no seguimento dos protestos, após as autoridades turcas terem libertado hoje, com termo de identidade e residência, 59.
Hoje, um tribunal de Istambul considerou que a detenção e colocação em prisão preventiva destas pessoas não foram proporcionais, uma vez que os arguidos têm residência fixa, não apresentam risco de fuga e o alegado crime de que são acusados -- "violação da lei das manifestações" -- não é considerado grave.
Nos últimos dias, outras 127 pessoas detidas com base na mesma acusação foram libertadas com medidas de coação.
Após a detenção de Imamoglu, o Ministério do Interior da Turquia impôs uma proibição total de manifestações e marchas de protesto em Istambul, Ancara e Esmirna durante várias semanas.
Ainda assim, cerca de 100 mil pessoas concentraram-se, durante várias noites, em frente ao edifício da câmara municipal de Istambul.
Imamoglu, 53 anos, permanece em prisão preventiva, acusado de vários crimes de corrupção e suborno, embora o Partido Republicano do Povo (CHP, social-democrata, a que pertence), afirme que se trata de acusações fabricadas por Erdogan com o objetivo de o afastar da cena política.
As libertações registadas nos últimos dias surgem na sequência de uma campanha organizada pelos pais de vários estudantes, tendo muitos deles efetuado vigílias diárias no exterior de uma prisão em Silivri, a oeste de Istambul.
Os processos dos arguidos serão julgados em junho e setembro no Tribunal de Caglayan, em Istambul.
O Ministério Público turco requer uma pena de sete anos e quatro meses de prisão para Imamoglu, bem como a sua inabilitação para o exercício de cargos públicos e a perda dos direitos de voto e de elegibilidade.
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