"O centro islâmico do Tajiquistão aprovou uma nova 'fatwa' especial, segundo a qual quem crítica o poderes dominantes é julgado um 'grande pecado'", disse o mufti Saidmukarram Abdulkodirzoda.
"A crítica mina a confiança nas autoridades", advertiu.
O mufti, a mais alta autoridade religiosa do país, emitiu a 'fatwa' durante o sermão de sexta-feira na principal mesquita na capital.
A AFP cita especialistas religiosos tajiques, segundo os quais a "fatwa" foi acordada com as autoridades daquela ex-República soviética da Ásia Central e que os muçulmanos moderados não irão obedecer.
A oposição moderada islâmica do Partido Revivalista do Tajiquistão, afirmou que a "fatwa" foi "ditada pelas autoridades" do país muçulmano de 8,5 milhões de habitantes, essencialmente sunita, e que é oficialmente um regime secular.
Um jornalista de um jornal de oposição, que pediu para não ser identificado, afirmou: "Os líderes religiosos oficiais querem coser a boca aos jornalistas, que se querem expressar livremente, num país que é laico e democrático".
"Agora é perigoso dizer a verdade. Ao que estamos a chegar?" -- questionou retoricamente o jornalista á agência noticiosa francesa.
O mufti advertiu ainda os muçulmanos de que não devem fazer contactos com organizações ou meios de comunicação internacionais, que, segundo ele, "ameaçam a estabilidade do país e do mundo."
"Aqueles que pedem e se envolver no incitamento de pessoas contra as atuais autoridades sofrerão o castigo de Deus", sentenciou.
Segundo a AFP, as autoridades do Tajiquistão estão alarmadas com a radicalização dos jovens muçulmanos, com uma situação de desemprego generalizado no país, a mais pobre ex-República soviética.
No ano passado, cerca de 100 pessoas foram detidas, das quais seis foram presos, depois de terem participado em treinos no estrangeiro com grupos radicais.