Eram 03h30 (hora de Lisboa) quando o voo MS804 da EgyptAir que fazia a ligação entre Paris e o Cairo desapareceu. Iam 66 pessoas a bordo, podiam ir muitas mais: o avião seguia viagem quase vazio. Poucas horas depois, surgia a confirmação de que estava um português entre os passageiros e, ao início da tarde, já com a certeza de que o aparelho se despenhara, foram encontrados os primeiros corpos.
Mas no meio da vertigem da informação que foi sendo libertada, o que se sabemos, ao certo, até agora?
Confirmado:
O avião despenhou-se no mar Mediterrâneo, a cerca de 130 milhas da ilha grega de Karphatos, no espaço aéreo egípcio;
A Grécia e o Egito lançaram uma ampla operação de buscas. Até ao momento foram encontrados pelo menos dois corpos e o que parecem ser destroços (dois pedaços de plástico).
A bordo seguiam 56 passageiros, três seguranças e sete membros da tripulação, num total de 66 pessoas;
Estavam no avião 30 egípcios, 15 franceses, dois iraquianos, um cidadão a Arábia Saudita, um do Kuwait, um do Chade, um do Sudão, um belga, um canadiano, um argelino um britânico e um português;
Sobre o cidadão português sabe-se que é um homem de 62 anos, pai de quatro filhos, contratado pela Mota-Engil e residente em Joanesburgo;
Segundo o ministro da Defesa grego, o avião fez curvas estranhas. "Fez uma volta de 90 graus para a esquerda e uma volta de 360 graus para a direita, caíndo dos 37.000 pés para os 15.000 e o sinal perdeu-se por volta dos 10.000 pés", já no espaço aéreo egípcio;
Antes disso, ao sobrevoar o espaço aéreo grego, os controladores aéreos comunicaram com o piloto e este não mencionou nenhum problema. Até estaria “de bom humor”, disse o presidente da autoridade de aviação civil grega.
Não confirmado:
Ainda não se sabe o que terá provocado a queda deste avião. Quando questionado pelos jornalistas sobre se poderá ter-se tratado de um ataque terrorista, primeiro-ministro egípcio, Sherif Ismail, disse que "não pode ser excluída nem confirmada nenhuma hipótese". Também o presidente francês, François Hollande, não descarta essa hipótese.
Os tripulantes de um navio grego disseram ter visto uma "chama no céu" perto da ilha de Karpathos;
Para os especialistas a tese de atentado é a mais provável:
"Um problema técnico, um incêndio ou uma falha no motor não causariam um acidente instantâneo" – os pilotos teriam tempo de enviar um pedido de ajuda, defendeu Jean-Paul Troadec, antigo diretor do Gabinete de Inquéritos e Análises para a segurança da aviação civil de França.
Gérard Feldzer, especialista em aeronáutica, argumenta que uma falha técnica grave é “improvável” já que o A320 em questão era "relativamente novo", tendo entrado ao serviço em 2003. É considerado um aparelho fiável e um dos mais vendidos em todo o mundo.
"Por tudo o que já vimos, trata-se de um atentado terrorista", admitiu também o chefe dos serviços secretos russos, Igor Bortnikov.
Levanta dúvidas:
Afinal foi ou não enviado um sinal de emergência?
O exército avançou inicialmente que o voo MS804 da EgyptAir enviou uma mensagem de emergência antes de desaparecer dos radares, pelas 04h26 (3h26 em Lisboa), dez minutos antes de o avião desaparecer.
Depois, um porta-voz militar egípcio negou, através do Facebook, que o exército tenha recebido qualquer mensagem.
Já o primeiro-ministro egípcio, que é formado em engenharia, garante não ter sido qualquer pedido de ajuda pelos pilotos do MS804.
Sherif Ismail admite que possa ter sido captado um "sinal de emergência", mas este pode ter sido emitido pelos sistemas do avião de forma automática, mesmo depois de este se ter despenhado.
Sherif Fathy, ministro egípcio da aviação civil, diz que não foi emitido nenhum sinal de emergência depois do último contacto com o voo MS804. “Foi um erro feito por um oficial do exército", disse.