"A saída do Reino Unido da União Europeia é um risco que o país corre, e um risco sério. Ninguém sabe como vai ser a praça de Londres, a política agrícola, entre outras coisas, daqui para a frente. Pode haver independência da Escócia, de Gales", afirmou o antigo presidente da Associação Portuguesa de Bancos num colóquio sobre "Financiamento do Crescimento: Desafios e Ameaças da União Bancária", em Lisboa.
João Salgueiro assinalou que "quando o eleitorado decide sair da União Europeia é porque o desconforto dos ingleses é muito grande em relação à União", frisando que caso houvesse um referendo em Portugal o resultado poderia ser surpreendente.
O economista criticou a forma como os líderes europeus estão a lidar com a saída do Reino Unido da União Europeia e apelou à "calma" neste processo.
"A única coisa que devíamos estar preocupados é ver se este caso da saída do Reino Unido se faz com calma. Não gostei de ver alguns países europeus a dizer que tem de sair já. Quanto mais se agravar o estado de espírito em relação à saída de Inglaterra, mais desconfiança se cria nos mercados europeus. A adesão demora anos, já a saída, não há precedente, nunca aconteceu. Não se sabe como é que se faz e vai ser um paradigma para uma saída futura", considerou o economista.
Os eleitores britânicos decidiram que o Reino Unido deve sair da UE, depois de o 'Brexit' (nome como ficou conhecida a saída britânica da União Europeia) ter conquistado 51,9% dos votos no referendo de quinta-feira.
Logo na sexta-feira, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, anunciou a sua demissão, com efeitos em outubro, e os líderes da UE defenderam uma saída rápida do Reino Unido.