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Cabo Verde investiga eventuais irregularidades no descanso de tripulações

A Agência de Aviação Civil (AAC) cabo-verdiana informou hoje que criou uma equipa para investigar alegadas irregularidades nos períodos de trabalho e descanso das tripulações da companhia TACV, rejeitando a existência de "risco eminente" de desastres aéreos.

Cabo Verde investiga eventuais irregularidades no descanso de tripulações
Notícias ao Minuto

17:55 - 12/04/17 por Lusa

Mundo TACV

"A AAC constituiu uma equipa multidisciplinar encarregue de averiguar a veracidade das alegações, e, caso vier a constatar situações de irregularidades nos períodos de trabalho e descanso das tripulações da TACV, agirá em conformidade como a lei", anunciou a agência em comunicado.

O anúncio surge na sequência das declarações, terça-feira, do presidente da Associação dos Pilotos de Cabo Verde, Ricardo Abreu, que alertou para o risco de acidentes de aviação devido ao cansaço das tripulações dos aviões da Transportadora Aérea de Cabo Verde (TACV).

Ricardo Abreu falava durante uma audição na comissão especializada de Finanças e Orçamento sobre a situação da empresa pública de aviação civil e fez questão de que o seu alerta ficasse registado na ata da reunião, conforme noticiou a agência cabo-verdiana de notícias Inforpress.

Já hoje, em conferência de imprensa, Ricardo Abreu desmentiu que tenha falado em "risco iminente" de um acidente de aviação em Cabo Verde, como foi veiculado por alguma comunicação social, adiantando que o alerta feito é válido para qualquer país.

O presidente da Associação de Pilotos, que entretanto foi ouvido pela AAC a propósito das suas declarações, disse ainda que os pilotos cabo-verdianos voam o número de horas estipulado por lei, mas que o cansaço não é apenas físico, mas também de índole emocional por causa da situação da empresa.

A Agência de Aviação Civil de Cabo Verde (AAC) afirmou, ainda no comunicado, que "não existe risco iminente de acidente de aviação em Cabo Verde", explicando que no primeiro trimestre do ano fizeram várias inspeções à TACV com incidência direta sobre os períodos de trabalho e descanso das tripulações.

"Na última auditoria, realizada no dia 13 de março, foram constatadas algumas irregularidades, tendo a TACV tomado medidas imediatas para certas situações e apresentado um plano de correção para as demais", refere a AAC.

A AAC lembrou também que os pilotos são sujeitos a uma certificação médica e revisões periódicas por médicos aeronáuticos que têm que notificar a AAC caso se verifique que o estado de saúde físico ou mental dos pilotos pode representar um risco para a segurança operacional.

"Ao longo dos últimos anos, poucos têm sido os casos de tripulantes que se enquadram nesta situação, mas estes, sempre que verificados, são afastados imediatamente das suas atividades profissionais", afirma a AAC.

"A AAC não recebeu relatórios médicos especializados acusando cansaço por parte dos tripulantes de voo", acrescentou.

Devido ao "estado de inquietação" gerado em torno das afirmações do presidente da Associação de Pilotos, a AAC optou por mandar averiguar a veracidade das alegações.

A companhia de aviação cabo-verdiana enfrenta dificuldades financeiras e o Governo afirma estar a trabalhar num plano de reestruturação com vista à futura privatização.

A Associação de Pilotos e a AAC integram a lista de 12 entidades a serem ouvidas pela comissão, incluindo antigos e atuais gestores, a antiga e o atual ministro das Finanças, o atual ministro da Economia, representantes dos trabalhadores e de empresas relacionadas como a aviação, como a ASA, que gere os aeroportos cabo-verdianos, ou a Autoridade de Aviação Civil.

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