"Caso não alcancemos uma solução, o acordo será cancelado", disse o chefe de Estado norte-americano, numa declaração a partir da Casa Branca para anunciar a estratégica da atual administração dos Estados Unidos em relação ao Irão e ao acordo sobre o programa nuclear iraniano alcançado em 2015.
Apesar de manter o acordo, Trump afirmou que recusa-se a certificar o acordo, que qualificou como "um dos piores". E insistiu que Teerão não respeita o espírito do documento.
"Qual é o sentido de um acordo que está apenas a atrasar a capacidade nuclear por um curto período de tempo? Isso é inaceitável para o Presidente dos Estados Unidos", referiu Trump, reforçando que este acordo, que permitiu apenas "inspeções fracas", só está a adiar, a curto prazo, os avanços do Irão para desenvolver uma arma nuclear.
"Pedi à minha administração para trabalhar em estreita colaboração com o Congresso e com os nossos aliados para preencher as várias e graves falhas do acordo, de forma a evitar que o regime iraniano ameace o mundo com armas nucleares", prosseguiu.
Ao ter anunciado que não certificava o acordo, ou seja, na opinião de Trump Teerão não está a cumprir os compromissos do pacto nuclear, o Presidente autorizou, em termos técnicos, que o Congresso norte-americano reponha, dentro de um prazo de 60 dias, as sanções norte-americanas que foram suspensas em troca das concessões iranianas.
Momentos antes desta declaração de Trump, o chefe da diplomacia norte-americana, Rex Tillerson, já tinha indicado que Washington não ia retirar-se do pacto multilateral, apesar deste não servir os interesses dos Estados Unidos.
Na mesma intervenção, Donald Trump lançou violentas acusações ao Irão, denunciando o comportamento da "ditadura iraniana" e do "regime fanático" de Teerão, que aos seus olhos é um dos principais "apoiantes do terrorismo" no mundo.
Teerão "semeou a morte, a destruição e o caos em todo o mundo" e "a agressão da ditadura iraniana continua até hoje", disse ainda.
O líder norte-americano divulgou ainda a aplicação de novas e "duras" sanções contra os Guardiões da Revolução, o exército de elite iraniano.
Os Guardiões da Revolução "desviaram vastas partes da economia iraniana e apoderaram-se de doações religiosas para financiar a guerra e o terror no estrangeiro", acusou Trump, indicando que autorizou o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos a aplicar mais sanções a este grupo.
O acordo nuclear entre o Irão e o grupo de países 5+1 (os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU -- Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia e China -- e a Alemanha) foi alcançado em julho de 2015 em Viena, ainda sob a alçada da administração do Presidente Barack Obama (democrata).
O acordo foi assinado com o objetivo de garantir a natureza exclusivamente pacífica do programa nuclear iraniano.
Desde que entrou em vigor, a 16 janeiro de 2016, a administração americana certifica-se, a cada 90 dias, perante o Congresso, de que Teerão está a respeitar os termos acordados e se o pacto favorece o "interesse nacional" dos Estados Unidos.
Essa certificação é feita ao abrigo de uma lei aprovada pelo Congresso, conhecida pela sigla INARA.