Palestinianos recusam mediação dos EUA sem recuo em decisão de Jerusalém

Um alto responsável palestiniano excluiu hoje conversações com o Governo dos Estados Unidos enquanto não for anulada a decisão anunciada pelo Presidente Donald Trump de reconhecer Jerusalém como capital de Israel.

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Lusa
30/01/2018 19:10 ‧ 30/01/2018 por Lusa

Mundo

Médio Oriente

Saeb Erakat, secretário-geral da Organização de Libertação da Palestina (OLP) e durante um longo período chefe negociador palestiniano para o processo de paz com Israel afirmou em entrevista à agência noticiosa France-Presse (AFP) que a decisão de Donald Trump se inclui "numa nova era americana onde se passou da negociação à imposição ['diktat']".

A decisão do Presidente norte-americano, anunciada em 06 de dezembro, quebrou o consenso diplomático internacional pelo qual o estatuto de Jerusalém deveria ser estabelecido nas conversações entre israelitas e palestinianos.

O anúncio motivou a cólera dos palestinianos, que pretendem tornar Jersualém-leste, a parte ocupada e anexada por Israel, na capital do seu futuro Estado, e fez aumentar a violência na região.

Desde a decisão do Presidente Trump, já foram mortos pelo menos 19 palestinianos, na maioria em confrontos com forças israelitas.

Hoje mesmo, um adolescente palestiniano de 16 anos foi morto por disparos de soldados israelitas a norte de Ramallah, na Cisjordânia ocupada, anunciou o ministério da Saúde palestiniano.

O jovem, identificado como Laith Abou Naiem, foi atingido na cara durante confrontos com soldados na cidade de Moughir, segundo este ministério.

A anexação israelita de Jerusalém-leste é considerada ilegal pela ONU. O Estado hebreu considera a totalidade da cidade como a sua capital indivisível.

Os palestinianos consideram agora que os Estados Unidos deixaram de ter condições para desempenhar uma função de mediador imparcial no conflito e boicotaram a recente visita à região do vice-presidente norte-americano Mike Pence.

Na semana passada Trump acusou os palestinianos de "faltarem ao respeito" aos Estados Unidos e anunciaram o congelamento de centenas de milhões de dólares de ajuda enquanto os dirigentes palestinianos recusarem regressar à mesa das negociações.

Segundo Erakat, os palestinianos pretendem a realização de uma conferência internacional para obter um apoio global a uma solução de dois Estados, e rejeitou contactos com a administração de Donald Trump caso a decisão sobre Jerusalém não seja anulada.

"Se um palestiniano se encontrar com responsáveis oficiais americanos, isso significava que aceitava a sua decisão. E agora ameaçam-nos com o dinheiro e a ajuda", insurgiu-se.

O líder da OLP denunciou ainda as recentes declarações da embaixadora norte-americana Nikki Haley na ONU, que acusou o presidente de Autoridade palestiniana Mahmud Abbas de não ter tido coragem suficiente para um acordo de paz, comparando-as a um apelo a um "golpe de Estado".

Segundo Abbas, mesmo se os palestinianos tivessem como presidente "a Madre Teresa", Donald Trump e Benjamin Netanyahu, o primeiro-ministro israelita, rejeitariam o apelo para uma solução de dois Estados com Jerusalém-leste como capital da Palestina.

Israel ocupa ilegalmente a Cisjordânia desde 1967, onde vivem 400.000 colonos judaicos num total de 3,3 milhões de habitantes.

Saeb Erakat considerou ainda nas declarações à AFP que o processo em curso destinado a impedir a solução a dois Estados poderá implicar "um maior ciclo de violência, de extremismo e de contra violência".

"Os que afirmam que Jerusalém foi retirada da mesa das negociações, dizem de facto que a paz deixou de estar em cima da mesa", concluiu.

 

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