Macron diz que não há "plano B" para acordo com Irão. O que dirá Trump?

Presidente francês inicia visita de três dias aos Estados Unidos. Acordo nuclear com o Irão e guerra na Síria marcam a agenda dos dois presidentes.

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Pedro Bastos Reis
22/04/2018 18:01 ‧ 22/04/2018 por Pedro Bastos Reis

Mundo

Diplomacia

O presidente francês, Emmanuel Macron, está prestes a iniciar uma visita de estado aos Estados Unidos, um país com o qual França “mantém uma relação muito especial”. Para além de assinalar os 250 anos das relações entre Washington e Paris, o recente ataque coordenado, juntamente com o Reino Unido, à Síria e acordo nuclear com o Irão estarão em cima da mesa nos próximos três dias.

Na antevisão da visita aos Estados Unidos, Macron deu uma entrevista à Fox News, onde disse não existir um “plano B” para o acordo nuclear iraniano, pelo que os Estados Unidos deverão continuar no mesmo.

Para o presidente francês, e será isto que vai dizer ao homólogo norte-americano, a prioridade dos dois países passa por conter a influência do Irão na região, pelo que manter o acordo, que limita o desenvolvimento nuclear de Teerão em troca do levantamento de sanções, é, pelo menos para já, a melhor opção.

Os receios de que o acordo possa ser rasgado deve-se às constantes ameaças feitas por Donald Trump. O multimilionário que fez do Irão o seu principal inimigo durante a campanha eleitoral que o levou à Casa Branca, e que em Washington se tem rodeado de críticos do acordo histórico conseguido, em 2015, por Barack Obama, tem exercido pressão aos parceiros europeus para que o mesmo chegue ao fim. Em janeiro, o presidente norte-americano disse mesmo, ao revalidar o acordo, que esta era "a última oportunidade" para este ser revisto, dando a entender que em maio a história poderia ser diferente.

O próximo dia 12 de maio será, portanto, decisivo, uma vez que terá de ser tomada uma decisão relativamente à continuidade do acordo programa nuclear iraniano. Washington parece isolado até ao momento, uma vez que todos os restantes países que o assinaram mantêm a intenção de continuar o feito conquistado em 2015. No entanto, o ministro iraniano dos negócios estrangeiros, Javad Zarif, já avisou que o Irão está preparado para retomar o seu programa nuclear a qualquer momento, isto no caso de os Estados Unidos não cumprirem com a sua palavra.

Síria também na agenda

Conter o programa nuclear de Teerão é uma prioridade para Emmanuel Macron, que fará questão de transmitir a Trump a preocupação – comum aos Estados Unidos, Reino Unido e a Israel – relativamente à influência do Irão no Médio Oriente.

O regime dos Ayatollahs é, ao lado da Rússia, o principal aliado de Bashar al-Assad e a sua entrada, através, sobretudo, de milícias, na Guerra da Síria, tem sido decisiva para os avanços do regime de Damasco.

Desta forma, a Síria estará, certamente, na agenda dos três dias de visita de Macron aos Estados Unidos. Depois de os aliados terem atacado pontos estratégicos do regime sírio, acusado de ter utilizado armas químicas em Douma, o presidente francês e o homólogo norte-americano têm falado a uma só voz na condenação das ações de Assad.

No entanto, nos dias que se seguiram ao ataque com mais de 100 mísseis a Damasco, gerou-se alguma confusão relativamente à intenção de os Estados Unidos manterem as suas tropas em território sírio. Macron garante ter convencido Trump a manter o contingente militar, mas o presidente norte-americano fez saber que o objetivo é que os militares norte-americanos saiam da Síria, provavelmente com uma substituição no terreno por tropas árabes, comandadas pela Arábia Saudita.

Nesse sentido, a posição conjunta entre Paris e Washington, que deverá ser divulgada no final da visita de três dias, será fulcral para se perceber quais são as intenções dos aliados ocidentais para a Síria.

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