Venezuela: Portugueses pedem a Fátima o regresso dos filhos
Centenas de portugueses acudiram hoje ao Centro Português de Caracas para participar numa missa e procissão a Nossa Senhora de Fátima, a quem pediram que interceda pelo regresso dos filhos que partiram para o estrangeiro.
© Getty Images
País Caracas
Também pela paz na Venezuela e em Portugal e que haja uma mudança no sistema político-económico venezuelano, que o país volte a ser próspero como no passado.
"Pedi a Nossa Senhora que, para bem do nosso povo venezuelano e pelos nossos emigrantes que estão na Venezuela, ajude a mudar este sistema [de Governo], que haja paz e prosperidade, que a Venezuela volte a ser a Venezuela de antes", disse um comerciante à Agência Lusa.
Emocionado, José Duarte Caldeira disse acreditar na sua interceção porque "Fátima é a mãe de todos os portugueses".
Em troca, prometeu "trabalhar mais" por ambas as pátrias, mas principalmente pela Venezuela, um país onde quer continuar a viver.
"Trabalhar e trabalhar mais, por este país que é a nossa segunda terra e que nós amamos como Portugal", disse.
Por outro lado, Carmem Gonçalves de Jardim esteve na missa acompanhada pelo marido, mas com o pensamento nos filhos que vivem atualmente no estrangeiro.
"Rezo a Nossa Senhora de Fátima pela paz em Portugal e na Venezuela, em todo o mundo, e que as famílias possam voltar a estar unidas e a compartilhar, de novo, todos juntos", disse.
Esta luso-venezuelana explicou que este "tem sido um ano diferente" porque os filhos emigraram e a mãe faleceu, mas a sua fé contínua inabalável.
"Tem sido um ano diferente, mas tenho sempre a Virgem no meu coração. Penso que Nossa Senhora vai ouvir-nos. Todos pedimos com fé e alegria e por isso penso que sim", disse.
Para Carmem Gonçalves de Jardim "nenhum país está livre, qualquer um deles pode cair num mau governo, em terrorismo. Há tanta coisa triste no mundo", disse.
Na procissão participou também Maria Egídia da Silva, que pediu a Fátima paz para todas as famílias que "ultimamente estão muito desunidas", mas também "paz na Venezuela e no mundo inteiro".
"Tenho dois filhos (a viver) no estrangeiro e estou a pedir por eles, para que tenham saúde e força para continuar a trabalhar. Que não percam a fé", disse.
Por outro lado, sublinhou que vai continuar a pedir a "Nossa Senhora e a Jesus" que lhes dê força para continuarem a lutar "por este país" e por tudo o que necessitam. Pelo mais pobres para que "não lhes falte nunca o pão na mesa".
Segundo João Ricardo Ferreira "há muitas coisas para pedir" a Nossa Senhora de Fátima, mas nos momentos atuais a principal é a paz e uma mudança no país de acolhimento.
"Tinha muitas coisas para pedir-lhe, mas este ano pedi especialmente pela Venezuela, pela paz na Venezuela, pela tranquilidade das nossas famílias e que consigamos sair desta situação tão complicada que estamos a viver. Também pela paz no mundo e no nosso querido Portugal", disse.
Segundo este luso-venezuelano, "este ano as coisas têm estado mais complicadas" que nos anos anteriores.
"Mas eu acredito que em breve chegará a paz à Venezuela, que em breve Nossa Senhora de Fátima nos dará a sua bênção de paz para a Venezuela e para todos os que vivemos nesta terra", concluiu.
A crise política na Venezuela agravou-se a 23 de janeiro, quando o líder do parlamento, Juan Guaidó, jurou assumir as funções de presidente interino e prometeu formar um Governo de transição e organizar eleições livres.
Guaidó, de 35 anos, contou de imediato com o apoio de mais de 50 países, incluindo os EUA e a maioria dos países da União Europeia, entre os quais Portugal, que o reconheceram como presidente interino encarregado de organizar eleições livres e transparentes.
Na madrugada de 30 de abril, um grupo de militares manifestou apoio a Juan Guaidó, que pediu à população para sair à rua e exigir uma mudança de regime.
Nicolás Maduro, 56 anos, no poder desde 2013, denunciou a iniciativa do presidente do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.
À crise política na Venezuela soma-se uma grave crise económica e social, que já levou mais de 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, de acordo com dados da ONU.
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