A Fundação Oriente recebe, desde ontem, a cimeira mundial que reúne associações de psicologia de cerca de 50 países e que tem como fundamento discutir qual o papel dos psicólogos no que às alterações climáticas diz respeito.
Entre as dezenas de especialistas que estão por estes dias em Lisboa contam-se Ava Thompson, da Associação de Psicologia das Bahamas, que liderou o Comité que geriu o pós-Furacão Dorian, e Janet Swim, da Universidade da Pensilvânia, que presidiu a ‘task force’ da American Psychological Association para as Alterações Climáticas.
Um dos responsáveis por esta cimeira é o bastonário da Ordem dos Psicólogos, Francisco Miranda Rodrigues, que, em declarações ao Notícias ao Minuto, salientou que esta é a “primeira vez que as associações de psicólogos de toda a parte do mundo se reúnem para se mobilizarem para uma causa”, indo agora “promover este compromisso junto dos seus psicólogos de modo a que estes sejam os agentes desta ação e contributo da psicologia no dia-a-dia da sua ação nas comunidades”.
Quanto àquele que é o papel dos psicólogos na questão das alterações climáticas, o bastonário defende que são “vários os papéis”, como por exemplo no “desenho de políticas públicas mais eficientes no que concerne às tomadas de decisão e aos comportamentos de líderes e dos cidadãos”.
Mas não só. Os psicólogos, defende, têm ainda uma posição de relevo na “construção de programas de prevenção e de resiliência das comunidades face aos impactos da crise climática e na intervenção psicológica junto daqueles que são vítimas destes impactos”. Tal como são importantes na “comunicação efetiva da necessidade de ação climática, no combate às fake news e na investigação nestas áreas”.
Francisco Miranda Rodrigues diz ainda que o seu objetivo para com esta cimeira está concluído, pois, “pela primeira vez há uma resolução conjunta, uma posição comum, uma voz na psicologia mundial” que permitiu a estas dezenas de especialistas “concertar estratégias comuns para o futuro com um mapa de ações e também compromissos nacionais concretos e específicos”.
Finda a cimeira será entregue à Organização das Nações Unidas um documento com todas as conclusões e estratégias delineadas no decorrer destes três dias.
Presidente também marcou presença
Lembrando os incêndios de junho e outubro de 2017, em que morreram mais de 100 pessoas, o chefe de Estado considerou que "vimos quão importante foi o papel dos psicólogos". "Quando eles chegaram, as coisas mudaram, todo o ambiente, o ambiente social. Não apenas as vidas daqueles que tinham perdido os seus entes queridos, toda a sociedade", disse.
"Tantas famílias, milhares de pessoas afetadas. Os psicólogos tiveram de lidar com isto. E nós sabemos que uma parte desses fogos foi resultado das alterações climáticas", acrescentou, observando: "Foi duro".
Com a intervenção dos psicólogos, as pessoas "começaram a repensar o seu passado, o seu presente, o seu futuro", acrescentou Marcelo, que aproveitou a oportunidade para reforçar a mensagem de que se vive "uma situação de emergência" em matéria de alterações climáticas e voltando a criticar quem nega esta realidade.
Neste contexto, considerou que o papel dos psicólogos passa por "antecipar e prevenir", com efeitos a médio e longo prazo, e "é tão importante como tomar as medidas que os governos portugueses têm tomado para enfrentar as alterações climáticas".