Em comunicado, o Secretariado Regional da União das Misericórdias de Viana do Castelo, liderada por Alípio de Matos, alega que "não é aceitável querer impor a estruturas residenciais para idosos (ERPI) o acolhimento de pessoas com teste de covid-19 positivo".
"Estas estruturas não possuem condições, quer em termos de infraestrutura, quer em termos de recursos técnicos e humanos, assim como equipamentos de proteção individual para os profissionais, para darem acompanhamento a um doente com covid", é justificado.
Na nota, subscrita pelas 10 Santas Casas da Misericórdia do distrito de Viana do Castelo, é também sublinhado que os utentes das ERPI estão "numa situação de risco acrescido de maior disseminação da infeção".
Segundo aquele Secretariado Regional da União das Misericórdias, a solução que se pretende implementar "acarreta riscos enormes para todos os utentes que não estão infetados", assim como para os profissionais.
É ainda apontado que a maioria das estruturas "não tem condições físicas para criar áreas de isolamento, aumentando-se o risco de contágio" entre os utentes.
No entender destas Misericórdias, a obrigatoriedade de criar nas ERPI "áreas com utentes portadores de covid representa um perigo de saúde pública, pondo em risco de infeção outros utentes e profissionais, que seriam poupados com a solução de centralizar o acolhimento destes utentes" numa "área dedicada para o efeito em termos distritais".
"Muito temos ouvido falar sobre a existência de um hospital de campanha, retaguarda ou missão para estas situações, mas, infelizmente, passado mais de um mês sobre o início do surto de pandemia, nada se fez", lê-se.
As Misericórdias de Viana do Castelo também dizem que "urge a tomada de decisões por quem, em termos distritais, tem essa obrigação, não sendo aceitável o declinar de responsabilidades".
Por fim, consideram que as entidades têm de assumir as responsabilidades e não devem querer que os idosos doentes fiquem nas ERPI, "lavando as suas mãos".
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já provocou mais de 103 mil mortos e infetou mais de 1,7 milhões de pessoas em 193 países e territórios.
Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 470 mortos, mais 35 do que na sexta-feira (+8%), e 15.987 casos de infeção confirmados, o que representa um aumento de 515 em relação a sexta-feira (+3,3%).
Dos infetados, 1.175 estão internados, 233 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 266 doentes que já recuperaram.
Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, encontra-se em estado de emergência desde de 19 de março e até ao final do dia 17 de abril.