"Em momento algum se encontrou a ideia de descontrolo da epidemia a nível nacional e na região de Lisboa e Vale do Tejo (LVT), quer na evolução do número de mortos, quer na pressão sobre o Serviço Nacional de Saúde (SNS)", revelou o Presidente da República em declarações aos jornalistas, no final da nona conferência de especialistas e políticos no Infarmed.
Contrariou Marcelo Rebelo de Sousa a ideia de que os mais recentes indicadores da evolução da epidemia evidenciam um descontrolo. Esse descontrolo haveria, como vincou, "se houve duplicação ou mais de contaminados, pressionando o número de hospitalizados e de internados em cuidados intensivos. Tem havido uma estabilização entre os 300 e 400 infetados".
Destacou ainda, neste sentido, o Presidente que "tem havido um aumento do número de testes", nomeadamente na região de Lisboa e Vale do Tejo, e "isso não pode ser esquecido".
O facto de estes testes terem sido direcionados para esta região é justificado por algumas "atividades como a construção civil, a limpeza e [por] trabalhadores precários. Temos adotado a metodologia da verdade. Não guardamos números por conveniência de ter cá a Champions. Não escondemos números, fazemos os testes que devem ser feitos e que as pessoas querem fazer", realçou.
Depois de mais uma reunião que pretendeu avaliar a situação epidemiológica da Covid-19 em Portugal, com foco na Área Metropolitana de Lisboa, revelou o chefe de Estado que uma das reflexões 'em cima da mesa' prendeu-se com a comparação do R - indicador de transmissibilidade do vírus - de Portugal e de outros países depois do desconfinamento. "Verificou-se que têm o R ou acima de 1, ou abaixo mas muito perto. O desconfinamento em termos diversos [nesses países] foi acompanhado de uma subida do R".
O número de testes efetuados foi igualmente abordado pelos especialistas, considerando-se que "Portugal está entre os cinco países que mais testam por milhão de habitante".
De acordo com Marcelo, a realidade atual "mostra que não se verificou uma subida em termos de óbitos, há uma tendência relativamente estável decrescente; relativamente aos internados, hospitalizados ou internados em cuidados intensivos, existe nos últimos dias, nas últimas semanas, uma ligeira subida numa tendência que é de estabilização da descida, longe dos cenários de pré-rutura ou rutura como aconteceria num cenário de duplicação do numero de infetados por causa dos desconfinamentos", defendeu.
"Medidas concretas e específicas"
O chefe de Estado referiu que, "aparentemente", os casos na região de LVT afetam sobretudo "uma população que trabalhou sempre, que não confinou muito, e que trabalhou durante o confinamento, como durante os desconfinamentos".
"A dúvida que permanece é: já antes de ser testada essa população, havia a realidade da contaminação ou ela é posterior ao período de desconfinamento?", disse, acrescentando que serão feitos ainda mais inquéritos no terreno para procurar resposta a questão.
Ainda assim, o Presidente da República revelou que vários especialistas hoje na reunião disseram que era preferível "haver medidas concretas e específicas para áreas geográficas também específicas a haver medidas genéricas", que afetariam muito mais pessoas.
"Como sabem, boa parte das medidas mais significativas que o Governo formalizou ou vai formalizar têm a ver com esta ideia: são medidas concretas, para áreas geográficas precisas", salientou.