"Não houve nenhum sobressalto cívico com o caso de Reguengos de Monsaraz"

O entrevistado de hoje do Vozes ao Minuto é António Bagão Félix, que aborda o impacto da pandemia na sociedade portuguesa, o desempenho do Governo perante esta crise e a resposta do Serviço Nacional de Saúde.

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Fábio Nunes
27/08/2020 09:20 ‧ 27/08/2020 por Fábio Nunes

País

António Bagão Félix

No livro 'Um Dia Haverá', António Bagão Félix reflete sobre diversos temas da sociedade atual, entre os quais o impacto da pandemia de coronavírus, a distinção entre as gerações mais novas e as gerações mais velhas, a importância de tirar lições mesmo em períodos mais negros e os valores individuais. 

O livro foi publicado no mês de julho pela editora Clube do Autor e motivou uma entrevista do Notícias ao Minuto ao economista e antigo ministro e secretário de Estado em diversos governos. 

Bagão Félix analisa as mudanças na sociedade portuguesa consequentes da pandemia, embora tema que, seis meses depois, existam sinais de "um défice de aprendizagem" que devia se retirada desta crise. 

Também avalia o desempenho do Governo perante a situação que vivemos e salienta a importância do Serviço Nacional de Saúde, que ficou por demais evidente nos últimos meses. 

O economista comenta ainda a polémica em torno do surto no lar de Reguengos de Monsaraz e lamenta a inexistência de um "sobressalto cívico" face ao que se passou. 

Em Reguengos de Monsaraz, morriam 18 velhos e, ao que me apercebi, tirando a discussão política que sempre há nestes casos, não houve nenhum sobressalto cívico. Isto faz-nos interrogar sobre o futuro que queremos construir Meses depois do início da pandemia de coronavírus em Portugal, que mudanças percepciona na sociedade portuguesa?

Diria que as pessoas ficaram avisadas. Ficaram avisadas de uma situação que as inibe do ponto de vista social e do ponto de vista económico, com todas as coisas que está a ter e que em alguns casos até são dramáticas. Embora creia que a tendência das sociedades contemporâneas é para, uma vez passada a situação de maior crise pandémica, tudo voltar ao mesmo. Ou seja, há um défice de aprendizagem da lições que deveríamos tirar.

Posso falar de algumas situações. Penso que esta pandemia poderia ensinar-nos a distinguir o que é essencial daquilo que é meramente acessório, e receio que, com a melhoria que todos esperamos, tudo volte ao mesmo e este discernimento não seja tão efetivo. Por outro lado, acho que esta situação dos seis meses leva-nos a interrogar, ao menos, sobre esta forma de estratificação geracional que hoje é evidente nas sociedades, em que se distingue os mais novos dos mais velhos. Isso revela algum atraso civilizacional. Porque uma sociedade que acha que as coisas só acontecem aos mais velhos e que os outros estão livres de determinado tipo de situações, não me parece que seja a mais harmoniosa.

Até tendo em conta estes dois factores de que falei, esta situação que vivemos deveria fazer-nos aprender que o egoísmo não é a forma mais correta de nos desenvolvermos como povo. Falo de Portugal como poderia falar de outros países. Esta ideia de que só acontece aos outros é uma ideia perversa. Posso dar-lhe um exemplo - e estou à vontade para falar nisto, porque sou uma pessoa que gosta muito de animais, adora a natureza, tenho uma atenção muito relevante para animais e para a natureza. Mas repare bem no sobressalto que se viveu e mediático com uma situação muito lamentável que foi a morte de animais no seguimento de um incêndio que houve no Norte do país, e os protestos que houve, legítimos e assertivos; ao mesmo tempo que num lar do Alentejo, em Reguengos de Monsaraz, morriam 18 velhos e, ao que me apercebi, tirando a discussão política que sempre há nestes casos, não houve nenhum sobressalto cívico. Isto faz-nos interrogar sobre o futuro que queremos construir.

Isto é como haver um tsunami. Os dias a seguir ao tsunami são coisas terríveis, dramáticas, mas uma vez passado o tsunami voltamos a cair nos mesmos erros e a perder a memória da situaçãoNo livro ‘Um Dia Haverá’ salienta que o despertar das consciências é uma “boa lição a tirar para o futuro”. Acredita que as consciências vão manter-se despertas ou vamos voltar a ‘adormecer’?

Na primeira fase, na minha opinião, certamente discutível, houve sobretudo medo. Nós todos na primeira fase fomos impulsionados pela ideia legítima, pela ideia humana, do medo, do receio. Depois o medo e o receio vão-se diluindo, vão-se anestesiando, e há uma tendência para achar que houve exageros ou que pode haver exageros. Permita-me uma imagem. Com muitas aspas, isto é como haver um tsunami. Os dias a seguir ao tsunami são coisas terríveis, dramáticas, mas uma vez passado o tsunami voltamos a cair nos mesmos erros e a perder a memória da situação. Acho que a memória é muito importante, não podemos viver apenas para o dia seguinte. Temos de viver para o futuro com raízes da nossa experiência no passado. A isto chama-se memória. E neste sentido, creio que era importante retermos algumas lições. As lições da relação entre consumo e poupança, entre gerações novas e as gerações mais velhas, entre o que acho que devo fazer e o que acho que posso fazer, entre a solidariedade e o egoísmo.

Creio que por vezes há uma ilusão, uma tentativa de fuga para a frente, uma tentativa de esquecer o que não deve ser esquecido (...) Às vezes os sinais da sociedade são de fuga, evasão, e não de aprendizagem  Esta questão da pandemia, sobretudo para a minha idade, é muito preocupante e em muitos casos trágica, com mortes, mas tento idealizar alguns aspetos positivos que podemos retirar desta lição. Uma crise, seja ela de que natureza for, é sempre uma ocasião de discernimento, é sempre uma ocasião de aprendizagem. As sociedades hoje em dia têm uma velocidade muito grande, têm um frenesim do quotidiano. Por exemplo, agora neste mês de agosto. Por um lado é bom, evidentemente que é pela questão da economia e eu sou economista, sei muito bem como isso é importante, mas por outro lado, as pessoas querem fugir, querem divertir-se, querem voltar à situação anterior, querem recuperar formas de consumo. Tudo certo. Mas, e posso estar a ver mal a situação, creio que por vezes há uma ilusão, uma tentativa de fuga para a frente, uma tentativa de esquecer o que não deve ser esquecido. Este é um ponto de interrogação. Aliás, como digo no meu livro, não dou respostas, procuro interrogar-me e, de algum modo, que os outros também se interroguem.

Às vezes mais importante do que uma resposta má é não termos questionamentos, inquietações. Sei que o mundo hoje é muito difícil. Há famílias com grandes problemas, pessoais, económicos, sociais, de saúde. Isso é verdade. Mas estou a analisar a questão por cima, com uma visão mais macro, como se estivesse num drone a procurar entender os sinais da sociedade. E às vezes os sinais da sociedade são de fuga, evasão, e não de aprendizagem como disse há pouco.

Notícias ao MinutoNo livro, António Bagão Félix faz uma série de interrogações que podem ajudar a traçar caminhos para o futuro© Clube do Autor

Ao longo dos anos, foi várias vezes destacado e elogiado o espírito de solidariedade do povo português. Saiu reforçado desta crise sanitária, mas também social, que estamos a viver?

Acho que o povo português tem muitas qualidades, uma das quais de facto é essa qualidade solidária perante causas profundas e há muitos eventos ao longo da história da nação portuguesa, e até já deste século. E isso notou-se nas primeiras semanas, nos primeiros meses desta crise pandémica. O reforço da importância da família, a distinção do amigo de apenas o colega, da pessoa que passa por nós e da pessoa que está dentro de nós. Acho que as pessoas tiveram essa noção de que a ideia do próximo às vezes reforça-se, mesmo que haja distância física. Quantas pessoas ouvi falar nas primeiras semanas, nos primeiros meses, de que não é preciso estar perto fisicamente para aprofundar a ideia da solidariedade, do afeto. A ideia da proximidade. Por isso é que se distingue o próximo do vizinho. O vizinho é aquele que está próximo fisicamente, o próximo é aquele que está perto de coração. Acho que conseguimos perceber isso muito claramente.

A ideia da máscara é uma ideia desagradável para todos nós, do ponto de vista do bem estar, mas é uma ideia não só para nos defendermos mas também para defender os outros. Quando alguém diz que não usa máscara porque o corpo é seu, é absolutamente inacreditávelHá sinais de solidariedade com exemplos notáveis, ao nível de instituições, ao nível de associações. Há também exemplos menos lúcidos de egoísmo. Há dias, e isto não foi em Portugal por isso estou mais à vontade para falar, vi uma reportagem nas televisões em que havia um protesto nas ruas de Madrid relativamente às medidas de prevenção. Vi duas jovens a dizerem ‘Eu não uso máscara porque quem manda no meu corpo sou eu’. Fiquei aterrorizado com esta ideia. Então não há um bem superior a mim que é o bem da saúde pública? Para o qual devo, na medida das minhas possibilidades, contribuir. A ideia da máscara é uma ideia desagradável para todos nós, do ponto de vista do bem estar, mas é uma ideia não só para nos defendermos mas também para defender os outros. Quando alguém diz que não usa máscara porque o corpo é seu, é absolutamente inacreditável. Como é que se pode dizer uma coisa destas? Isto foi em Espanha, mas já vi aqui pessoas a pensar da mesma maneira.

Há que ter muito cuidado, há aqui uma grande pedagogia relativamente à nossa capacidade de prevenir e contribuir para um bem maior, que é o bem da saúde pública e da harmonia social. Porque se só pensamos em nós, então o mundo não tem qualquer futuro. Alguém põe em causa o uso do cinto de segurança no automóvel? Nós estamos cheios de exemplos que são importantes para o nosso bem estar, mas que também cumprimos porque são importantes para o bem estar dos outros.

O Governo acordou tarde para aquilo que se anteveria logo como um dos focos principais dos efeitos da pandemia, que eram os lares. Portanto, a certa altura, em vez de se ter prevenido, tentou-se reagirQuase meio ano depois do primeiro caso de Covid-19 em Portugal, como avalia o desempenho do Governo na resposta a esta pandemia?

É preciso ter presente a importância que teve o Presidente da República na altura. Hoje as pessoas já não estão recordadas, mas quando foi declarado o estado de confinamento no país, lembro-me de declarações do primeiro-ministro nas quais considerava que não era importante. Mas o que é certo é que o fez, fê-lo em meu entender bem, nas circunstâncias que houve. Creio que a seguir a essa fase mais apertada de confinamento houve um volte-face que me pareceu excessivo. Primeiro era para não sair de casa, e depois comecem a sair de casa. Percebo a questão do ponto de vista de não afundar a economia, mas foi excessivo, até com idas às praias, aos supermercados, a espectáculos por parte das autoridades públicas. Deu-se a ideia de que isto já estava quase numa boa. Depois foram retificados esses sinais.

Acho que as medidas económicas, sobretudo as que foram tomadas na fase inicial foram as que deveriam ser tomadas, designadamente o ‘lay-off’ simplificado, embora sujeito a muitas alterações a muitas imprecisões técnicas. Acho que, esse é um aspeto menos bom, o Governo acordou tarde para aquilo que se anteveria logo como um dos focos principais dos efeitos da pandemia, que eram os lares, como aliás logo se viu. Portanto, a certa altura em vez de se ter prevenido, tentou-se reagir.

O Governo tem tentado dinamizar a economia. Há uma questão que é muito difícil para qualquer Governo, para qualquer primeiro-ministro, que é a interrogação a propósito da reabertura das escolas. Primeiro, acho que se pode numa fase transitória, como aconteceu no fim do ano letivo transato, haver medidas extraordinárias, de ensino à distância. Mas evidentemente que o ensino só é verdadeiramente ensino se for presencial. Tudo o resto são fantasias. Pode haver uma ou outra disciplina, ou matéria, que podem ser vistas numa perspetiva de ensino à distância, mas o ensino tem de ser presencial. Quer do ponto de vista da sua eficácia, quer do ponto de vista da sua transparência e do estabelecimento de condições de equidade entre as famílias mais pobres e as famílias mais abastadas.

Mas vamos ter um ponto fundamental. Se o ensino passa a ser presencial, haverá situações, apesar de todos os cuidados, em que crianças ou jovens ficam infetados, sem grandes manifestações da doença, e isso passa para os pais, para os avós. Ou seja, aquilo que tem sido sobretudo uma infeção por surtos, em que nós podemos rastrear a sua origem e o seu desenvolvimento, poderá ser uma infeção no plano familiar. Eu por exemplo, tenho duas filhas e quatro netas, evidentemente na minha idade e com os problemas que tenho, agora sim vai haver confinamento familiar. A menos que fizesse os testes todas as semanas às minhas filhas e netas, nunca teria a certeza se são vetores e agentes de infeção. Reconheço que esta é uma questão muito difícil para as autoridades públicas, que estão a fazer o que é possível. Como o primeiro-ministro disse, nós não podemos correr o risco de um confinamento completo outra vez porque a economia não aguenta, o desemprego aumentaria para valores terríveis, o Estado passaria para défices brutais. Acho que agora, a partir de setembro, vamos ter um teste fundamental. Temos todos de contribuir para que seja ultrapassado o melhor possível.

De facto não houve nenhum sobressalto cívico com a questão de Reguengos de Monsaraz, e portanto o sobressalto que tem havido é ao nível profissionalSe dúvidas existissem, a pandemia veio demonstrar o papel essencial do Serviço Nacional de Saúde. Terá a mesma capacidade perante uma possível segunda vaga, em pleno inverno e confluindo com a gripe?

Essa é uma questão importante, a convergência com a influenza, a gripe sazonal. Ainda por cima os sintomas aparentemente são os mesmos, portanto vai haver um aumento de pessoas a irem às urgências, aos centros de saúde, não sabemos se têm gripe ou se têm Covid-19. Esta crise provou a importância de termos um serviço público de saúde universal. Acho que isso é indesmentível. Muitas pessoas estão a sofrer as consequências de uma concentração nesta questão deste vírus. Têm sido públicos os atrasos nas consultas, nas cirurgias. Essa é mais uma razão pela qual os próximos serão importantes, porque não poderemos continuar a adiar tratamentos, consultas, intervenções que ficaram bastante atrasadas, e que normalmente prejudicam os mais pobres, que não têm alternativas. Do ponto de vista da equidade social é importante que se resolva este problema.

Eu não estou habilitado a dizer se os serviços estão preparados. Creio que do ponto de vista da Covid-19 estão mais preparados. Têm mais ventiladores, têm mais experiência destes meses em que todos nós, e também os serviços médicos, tactearam-na. Ainda hoje se sabe pouco sobre tudo isto, não é? Estamos ainda a apalpar terreno, ao contrário do que acontece com outras doenças, em que quando foi preciso lutar contra elas estávamos na posse de todos os meios de diagnóstico, de terapêutica sobre elas. Aqui não. Estamos a tentar prevenir, a tentar combater e, ao mesmo tempo, a aprender, mesmo os cientistas, virologistas e todas as pessoas que são fundamentais neste momento.

Os próximos meses serão importantes e bom será que não venha ao de cima esta ideia, que por vezes é aflorada, de maniqueísmo entre o serviço público e a oferta privada. Tem de haver uma cooperação completa, mas de cabeça limpa entre público, privado e social na oferta hospitalar, que permita uma complementaridade que beneficie todos. Por vezes, mesmo ao nível do Governo e dos partidos que apoiam o Governo, há a ideia de que de um lado está o anjo e do outro está o diabo. Isso parece-me absolutamente inconsequente, errado e desaproveitador de condições que a todos devem servir.

Notícias ao MinutoBagão Félix considera que a partir de setembro haverá um "teste fundamental" relativamente à pandemia© Notícias ao Minuto

Esta polémica entre Governo, autoridade regional de Saúde e Ordem dos Médicos relativamente ao surto de Reguengos de Monsaraz era evitável? Refiro-me às declarações em ‘off’ do primeiro-ministro, mas principalmente à troca de galhardetes entre as diferentes autoridades.

Era evitável e era inevitável. De facto não houve nenhum sobressalto cívico com a questão de Reguengos de Monsaraz, e portanto o sobressalto que tem havido é ao nível profissional, entre a Ordem dos Médicos e os poderes públicos, e também ao nível dos partidos e da oposição. Este sobressalto corporativo, passe a expressão, não me parece mau. Porque no fim do dia vão-se tirar algumas consequências que são positivas para o futuro.

Por um lado, pode-se violar a privacidade de emails. Por outro lado, são os primeiros a carpir perante uma frase que o primeiro-ministro disse em ‘off'Por um lado, a ideia de que todos os profissionais têm estado bastante empenhados. Vamos voltar um pouco atrás. Quando houve aquele evento do anúncio da Champions em Lisboa com todos os poderes públicos, que foi uma sessão patética, recordo-me do que disse na altura o primeiro-ministro. Disse que a fase final da Champions era uma prenda dada aos profissionais de saúde que estavam a atuar tão bem. Aliás, essas afirmações foram muito criticadas. Embora, a linguagem do primeiro-ministro fosse metafórica. Ora bem, não é passado dois meses, depois de todo este abraço de compreensão e apreço, que as coisas estão a ser muito diferentes. Portanto, acho que há sobretudo uma questão de afrontamento localizado. Não creio que esse afrontamento sirva o país.

Depois há toda esta questão de uma frase em ‘off’ do primeiro-ministro, que não deve ser aproveitada. Eu ouvi pessoas e órgãos de comunicação social a falarem desta questão, que de facto me parece grave e que é violar deontologicamente uma frase que foi dita em ‘off’, estou inteiramente de acordo. Mas ao mesmo tempo há instituições que violam o segredo de justiça e há pessoas que acham bem que aspetos que o hacker Rui Pinto conseguiu obter através de pirataria sejam divulgados por órgãos de comunicação social, sejam aproveitados por comentadores desportivos, por canais de televisão. Não podemos ter dois pesos e duas medidas. Por um lado, pode-se violar a privacidade de emails. Por outro lado, são os primeiros a carpir perante uma frase que o primeiro-ministro disse em ‘off’. Esse também é um problema do país, muitas vezes há uma exigência ética que muda conforme os interesses. Nem é uma exigência ética, pode-se chamar de exigência que não é ética.

Espero que essa luta [desenvolvimento de vacinas] por chegar primeiro à meta não tenha qualquer consequência menos boaO desenvolvimento das vacinas prossegue a bom ritmo e vão surgindo informações animadoras. O Governo já adquiriu um lote de perto de sete milhões de doses de vacinas. É um sinal de esperança para começarmos a ultrapassar esta situação?

Eu sou leigo completo nessa matéria. Espero que sejam sinais de esperança e de maior proximidade. Percebo a pressa. A urgência é fundamental. A pressa às vezes é inimiga do melhor. A tal Fase 3 de testar alargadamente em pessoas, admito, como observador, que esteja a ser concentrada. Esperemos que isso não tenha consequências negativas.

Sou uma pessoa muito favorável às vacinas. A questão das vacinas serem obrigatórias ou não para certos grupos gera muitas discussões, mas que se nos coloca. Eu quando me vacino relativamente à gripe sazonal estou a preocupar-me comigo, mas este meu comportamento também gera uma externalidade positiva. Ou seja, tem benefícios para a sociedade. Eu deixo de ser um fator de contágio. A questão que se coloca aqui é do mesmo tipo.

O que acho interessante nesta vacina para a Covid-19 é que há aqui um campeonato mundial de quem é que é o primeiro. Desde o anúncio do Putin até às questões chinesas, a AstraZeneca, agora os Estados Unidos. Espero que essa luta por chegar primeiro à meta não tenha qualquer consequência menos boa. É fundamental para o nosso bem estar e sobretudo para as economias, então a economia portuguesa, que é muito vulnerável e tem muitos fatores de constrangimento. Se não temos possibilidade de o mais brevemente possível termos uma vida normal, isso é bastante negativo. Para nós é mesmo um aspeto crucial. Portanto, achei muito bem a afetação de quase sete milhões de vacinas, que já cobrirá uma parte bastante significativa da população.

Depois, há a questão da imunidade de grupo. Confesso que sobre isso já tenho ouvido diferentes percentagens para atingir a imunidade de grupo, como não percebo nada, sobre isso limito-me a constatar a grande divergência sobre essa previsão.

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