"Estamos a assistir a uma situação de embargo aos problemas dos docentes"
O secretário-geral da FENPROF participa na greve nacional, marcada para hoje e que abrange quase 150 mil professores.
© Lusa
País Mário Nogueira
O secretário-geral da FENPROF, Mário Nogueira, marcou presença, esta sexta-feira, na Escola Secundária Avelar Brotero, em Coimbra, onde vários professores aderiram à greve nacional marcada para hoje.
À entrada do estabelecimento de ensino, o dirigente disse que a "principal questão" que levou a esta greve é o "embargo" por parte do Governo, aos problemas dos professores.
"Estamos a assistir a uma situação de completo embargo, por parte do ministério da Educação, à resolução problemas dos professores. Um embargo que tem sido imposto através de um bloqueio das negociações. Aquilo que era normal e que aconteceu em relação a outros ministérios era haver diálogo, é haver discussão dos problemas, existir apresentação de propostas e pelo menos aceitação da sua discussão por parte dos responsáveis do Governo e o que não acontece por parte deste ministério da Educação", atirou Mário Nogueira.
O dirigente recordou que este ministro da Educação tomou posse há quase um ano e dois meses e que "até agora não houve qualquer processo negocial".
"Num Governo de uma sociedade que se rege pelas regras da democracia era natural haver um democrata à frente de um ministério como o Ministério da Educação, mas, pelos vistos, não é o que acontece", acrescentou.
Mário Nogueira frisou ainda que não espera que esta seja "a mãe de todas as greves", mas uma forma de luta "indispensável para se poder colocar na sociedade o problema que se está a viver na educação", referindo que o secretariado nacional da Fenprof irá posteriormente decidir o que fazer no 2.º período do ano letivo.
"Esperamos que o ministro da Educação consiga alterar a sua postura", disse, salientando que a situação "não é um problema do Governo em relação aos professores" mas um problema específico do Ministério da Educação.
O ministro, "além de ser incapaz de resolver problemas, é incapaz de dialogar seja com quem for", criticou.
Mário Nogueira disse ainda que se tem registado um "agravamento de velhos problemas" devido à pandemia de Covid-19, como é o caso do envelhecimento do corpo docente, a falta de recursos financeiros e humanos das escolas ou falta de resposta a alunos com necessidades educativas especiais.
O dirigente sindical salientou que não há o distanciamento recomendado nas salas de aulas, registando-se também a falta de rastreio e uma "incoerência completa na realização de testes".
"Mais de mil escolas já têm situações de contágio, mas como não há um rastreio acaba por se encobrir e diz-se que não são espaços privilegiados de contágio", notou, defendendo ainda que os professores com mais de 50 anos sejam incluídos na segunda fase da campanha nacional de vacinação contra a Covid-19.
A adesão à greve de hoje deverá ser elevada, segundo os resultados do inquérito divulgado esta semana pela Fenprof, que revelou que 88,3% dos inquiridos consideram que é preciso continuar a lutar.
Recorde-se que os professores e educadores de infância realizam, esta sexta-feira, uma greve nacional para reivindicar diversas medidas, tais como poderem aposentar-se mais cedo ou recuperarem os anos de serviço congelado.
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