Virgílio Antunes justifica na missiva que, com a aproximação do Natal, sentiu "um forte apelo" para partilhar com os profissionais de saúde "uma palavra muito sincera de solidariedade e estima, que seja também animadora e portadora de esperança".
O prelado diocesano escreve que se junta "a tantas outras vozes" para manifestar a sua "gratidão pessoal, que é engrandecida pela alargada gratidão dos silêncios anónimos, mas sentidos, daqueles que se identificam" com a instituição que representa, "a Igreja na Diocese de Coimbra".
"Ao longo destes meses de pandemia, a vida não tem sido fácil para ninguém. Instalaram-se muitos medos, houve abundantes lutos feitos e por fazer, a solidão marcou a realidade de muitos idosos e doentes, as apreensões relativas ao emprego e ao salário cresceram, as situações de pobreza material e espiritual são uma realidade preocupante e que deixarão marcas por muito tempo", sublinha na carta natalícia, a que a agência Lusa teve acesso.
O bispo acrescenta que "as situações são todas graves e difíceis", mas a dos profissionais de saúde, por estarem na linha da frente e "num contacto direto e contínuo com os doentes, com o seu sofrimento, com a falta de esperança e até com a morte", torna os seus dias "mais duros" e a sua situação "mais dramática".
"Sabemos que, se é difícil sair de casa para ir trabalhar nos hospitais e noutros centros de saúde, é frequentemente mais penoso voltar a casa e ao contacto com a família, na incerteza acerca da possibilidade de transmitir a doença aos que mais se ama", aponta Virgílio Antunes.
A terminar, refere: "Gostaria de vos deixar uma saudação fraterna e amiga, extensiva aos vossos familiares, com o desejo de vermos ultrapassados estes tempos de trevas, em que ainda vivemos".
A carta do bispo de Coimbra foi dirigida a médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde de todos os hospitais e centros de saúde da área da diocese tutelados pela Administração Regional de Saúde do Centro e da Delegação Regional do Centro do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM).
A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.854.305 mortos resultantes de mais de 85 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 7.286 pessoas dos 436.579 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.