Cerca de 50 pessoas exigiram a libertação do 'rapper' Pablo Hasél
Cerca de 50 pessoas exigiram hoje no Porto a libertação do rapper espanhol Pablo Hasél, ao mesmo tempo que alertaram para a necessidade de os portugueses se afirmarem contra a intolerância e a censura da liberdade de expressão.
© Lusa
País Porto
Com a Praça D. João I reservada, foram poucos os que se deslocaram à baixa para dar voz à indignação pela prisão do cantor preso na Catalunha a 16 de fevereiro acusado de terrorismo e de injúrias à família real espanhola, cumprindo uma pena de nove meses.
Luís Lisboa, membro da União Antifascista Portuguesa e promotor da manifestação no Porto, expressou à Lusa "um alerta muito importante, que está ligado a tudo aquilo que está a acontecer e a crescer em todo o mundo, a intolerância e a censura", enfatizando que a "censura não pode nunca tornar-se cultura".
Alertando que a intolerância existe em Portugal e que "começou a ser legitimada e normalizada de há dois anos para cá", considera haver "o risco de piorar cada vez mais", explicando os seus receios com o "trumpismo, [Donald] Trump e tudo aquilo que ele fez e que teve e continua a ter repercussões em todo o mundo".
Luís Lisboa lamentou depois que "a sociedade portuguesa e grande parte da imprensa nacional estejam a tentar implementar a narrativa de que o Pablo Hasél é um terrorista, um apoiante do terrorismo", argumentando ser essa "uma situação lateral da sua luta pela autodeterminação da Catalunha".
"Aquilo que é mais importante de apresentar, de falar, porque os portugueses não estão a entender, é que a Espanha tem leis em pleno século XXI que impedem os cidadãos normais de injuriar a monarquia", indignou-se o ativista.
E prosseguiu: "A lei espanhola continua a contemplar o direito de uma família ser superior a todo o outro país e não poder ser injuriada. O governo espanhol já se comprometeu em rever estas leis e alterá-las, mas em Portugal essa notícia não passou e não está a ser entendível".
Para Nadine Santos, gestora de projetos, "censurar a cultura não é um meio para se prosseguir", reclamando, por isso, "lutar pela liberdade de expressão" num tempo em que a "desinformação é uma palavra de ordem".
"Não podemos censurar os artistas, a cultura e a música que com a pandemia estão cada vez mais numa caixinha. Temos de dar voz e não ficar pela luta que acontece no país ao nosso lado, temos de ser irmãos para eles e estar a par do que se passa, nomeadamente a opressão e a censura", disse.
Nesse sentido, defendeu, o "primeiro passo é sempre consciencializar sobre os problemas que se passam porque a informação não chega às pessoas".
Luís Miguel falou à Lusa com a máscara antifascista, escrita em alemão, colocada na face, afirmando-se como um "cidadão europeu preocupado com o futuro das próximas gerações".
Ainda assim, mostrou otimismo quando o tema foi a luta contra a intolerância: "Acho que a intolerância não vai ganhar a corrida. Não vamos consentir que ganhe. Há momentos na história que confirmam que as pessoas sairão à rua se for necessário e estou a lembrar-me da manifestação "Que se lixe a troika", disse.
E foi a falar de Portugal e da atenção que os portugueses devem dispensar ao fenómeno que prosseguiu a conversa com a Lusa, aconselhando que "às pessoas que expressam a sua intolerância e a quem elas podem influenciar" se faça ver da "forma mais educada, informada e fundamentada possível" que esse "não é o caminho" pugnando-se por "uma sociedade mais aberta e mais justa".
"Este é um momento muito difícil para a mobilização e isso vê-se nesta praça", disse antes de olhar em volta para os cerca de 50 presentes, num momento muito afetado pela pandemia e pelo confinamento, assumindo ser no seu caso particular "complicado" justificar-se à "sociedade e à família" pela participação no protesto.
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