Em declarações aos jornalistas após a leitura da decisão pelo juiz Ivo Rosa, no Tribunal Central de Instrução Criminal, no Campus da Justiça, em Lisboa, o antigo líder do Partido Socialista considerou que "todas as grandes mentiras contadas aos portugueses em sete anos são falsas" e destacou que isso ficou hoje "provado" em tribunal.
"Não acham que o jornalismo devia também fazer uma autoavaliação? Nada disto teria chegado a este ponto se o jornalismo tivesse cumprido o seu dever. O que deviam fazer era olhar para tudo o que escreveram, para os milhares de horas de televisão, e perguntar-se 'Como é que pudemos dar publicidade a estas alegações, que, afinal de contas, não tinham nem factos, nem indícios, nem provas", questionou.
José Sócrates reiterou que os jornalistas "estavam errados" e sublinhou ter sido "inacreditável" que um jornalista não tivesse tido a "atitude decente" de perguntar ao Ministério Público (MP) para mostrar as provas que estariam na base da acusação.
O antigo chefe de governo acusou ainda quem tentou alegadamente valorizar, na fase de instrução do processo, as provas diretas que o poderiam levar a julgamento.
"O que está em causa na instrução não são as provas diretas, são as provas indiretas, são os indícios. O que se pede na instrução não é uma prova definitiva e cabal. Pede-se apenas que haja indícios suficientes para o caso ir a julgamento. Aqueles que dizem que o juiz liga mais ou menos a provas indiretas não sabem do que estão a falar. O que hoje foi concluído relativamente à corrupção é que não há nem provas diretas, nem indiretas. Não há factos nem indícios", frisou.
Questionado sobre um eventual regresso a uma maior participação ativa na política, José Sócrates disse que isso era uma questão que lhe dizia respeito e que não queria partilhar.
A decisão instrutória do juiz Ivo Rosa determinou hoje que José Sócrates vai a julgamento por três crimes de branqueamento de capitais e outros três de falsificação de documentos. O ex-primeiro ministro estava acusado desde 2017 de 31 crimes: três de corrupção passiva de titular de cargo político, 16 de branqueamento de capitais, nove de falsificação de documentos e três de fraude fiscal qualificada, num processo com 28 arguidos e que já dura há sete anos.
Leia Também: Investigação foi destruída e isso vai ter consequências, diz organização