"Concordando-se ou não com a decisão instrutória de hoje, é inequívoco que se há juiz que está imune à pressão externa que sobre ele se faz é, efetivamente, o doutor Ivo Rosa", afirmou o advogado no canal TVI.
Segundo Magalhães e Silva, a decisão instrutória anunciada hoje "não pode e não deve causar um menor alarme social", tendo em conta que dá uma "resposta bem firme aquela que é a perplexidade e inquietação das pessoas" sobre este caso.
"Se se vai comprovar em julgamento, logo veremos, mas, neste momento, o que está certo, em face da seriedade da análise que foi feita, é que existe uma suspeita muito forte e muito consolidada de onde vieram os dinheiros para uma vida faustosa e o que é que se passava nas relações entre o engenheiro Sócrates e o engenheiro Santos Silva", afirmou.
"Isso é uma excelente resposta ao alarme social que existe em relação ao que esteve em causa durante sete anos a fio", disse Magalhães e Silva.
O advogado adiantou ainda que o facto de terem caído os três crimes de corrupção pelos quais o José Sócrates estava acusado -- grupo Lena, Vale do Lobo e PT -- "não causa surpresa em função do que era a acusação e em função do critério com que o juiz" analisou os factos e as provas existentes.
O juiz de instrução criminal Ivo Rosa decidiu mandar para julgamento o ex-primeiro ministro José Sócrates, o seu amigo e empresário Carlos Santos Silva, o ex-ministro Armando Vara, o banqueiro Ricardo Salgado, todos por crimes económicos e financeiros, mas deixou cair as acusações de corrupção e fraude fiscal.
Dos 28 arguidos, Ivo Rosa pronunciou apenas estes cinco e ilibou, entre outros, os ex-líderes da PT Zeinal Bava e Henrique Granadeiro, o empresário Helder Bataglia e o ex-administrador do Grupo Lena Joaquim Barroca, que estava indiciado por 21 crimes.
Dos 189 crimes que constavam na acusação, num processo que começou a ser investigado em 2013, só 17 vão a julgamento, mas o procurador Rosário Teixeira, responsável pelo inquérito, anunciou que ia apresentar recurso da decisão para o Tribunal da Relação de Lisboa.
Leia Também: Operação Marquês. CSM garante transparência na atribuição de processos