Marcelo gostava que portugueses sentissem que "processos têm fim visível"

O Presidente da República estava em Azeitão para homenagear o poeta Sebastião da Gama. Não comentou a Operação Marquês, cuja decisão instrutória foi lida ontem pelo juiz Ivo Rosa.

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Sara Gouveia
10/04/2021 18:09 ‧ 10/04/2021 por Sara Gouveia

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O Presidente da República falou aos jornalistas em Azeitão, onde se encontrava para inaugurar a Casa Memória como homenagem ao poeta Sebastião da Gama. Questionado sobre a decisão instrutória da Operação Marquês, Marcelo Rebelo de Sousa recusou comentar, referindo apenas que "não comenta um processo que ainda está muito distante do momento final".

Sobre a demora dos processos na justiça, o chefe de Estado sublinhou, no entanto, que "no mandato anterior disse que tinha ficado feliz por processos que não tinham avançado durante muito tempo terem avançado alguma coisa durante o mandato presidencial que estava a terminar". "Gostaria que o maior número de processos, se possível todos, o que é difícil, vindos do passado ou deste mandato, pudessem ter uma conclusão durante a sua duração. Todos apreciamos que a justiça seja rápida. Gostaria muito que os portugueses ficassem com a sensação de que os processos têm um fim visível em tempo devido", referiu ainda.

Recorde-se que José Sócrates, inicialmente acusado de 31 ilícitos, vai a julgamento por três crimes de branqueamento de capitais e três de falsificação de documentos, os mesmos pelos quais Carlos Santos Silva está pronunciado. Dos 28 arguidos do processo, foram pronunciados apenas cinco, tendo sido ilibados, entre outros, Zeinal Bava e Henrique Granadeiro, o empresário Helder Bataglia e o ex-administrador do Grupo Lena Joaquim Barroca.

Dos 189 crimes constantes na acusação, só 17 vão a julgamento, mas o procurador Rosário Teixeira, responsável pelo inquérito, já anunciou que vai apresentar recurso da decisão do juiz para o Tribunal da Relação de Lisboa.

Estado de Emergência e vacinas

"Haverá uma reunião no Infarmed na terça-feira de manhã e durante a tarde, porventura ao começo da noite ouvirei todos os partidos com assento na Assembleia da República, antes de enviar para o Governo o projeto de decreto, se for essa a decisão, e depois enviar para AR, se for essa a minha decisão, para poder ser debatido no dia seguinte", levantou ainda o véu.

Para Marcelo, o Rt (Índice de Transmissibilidade da Covid-19) - que já ultrapassou o 1 na quarta-feira - não o preocupa, o que o preocupa "é o que preocupa também o primeiro-ministro", que é a "entidade reguladora dos medicamentos a nível europeu não ter mais poder de tal forma que não se verifique que cada país tenha uma posição diferente sobre as vacinas".

"Se há uma entidade europeia encarregada de regular o medicamento, quando diz uma coisa é de supor que isso abrange todos os países que integram a União Europeia. Imagino o que é a perturbação para os europeus e também para os portugueses terem decisões diferentes num espaço de 24 horas - uma europeia e outra nacional, com várias nacionais diferentes entre si", sublinhou.

O Presidente da República considera ainda que não é, também, preocupante o "número de internados e internados em cuidados intensivos", apesar de o preocupar "o número de mortos, mas que é um número que está longe dos números verificados há semanas ou meses atrás". 

Esta semana, à semelhança de outros países da União Europeia, Portugal impôs um limite de idade para a administração da vacina da AstraZeneca. As autoridades de saúde - DGS, Infarmed e task force - recomendaram esta quinta-feira a administração da vacina contra a Covid-19 apenas em pessoas acima dos 60 anos de idade.

Leia Também: Covid-19. Apoiar Timor-Leste com vacinas é "prioridade" para Austrália

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