De acordo com Fátima Alves, presidente da Administração do Porto de Aveiro (APA), há dois cenários de modelação desenvolvidos pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), com a participação da Universidade de Aveiro, que deverão ser testados, até setembro, pelos pilotos.
"Estão em estudo dois cenários, que a seu tempo serão conhecidos, porque ainda podem vir a ser modificados, e que vamos apresentar à comunidade portuária, assim que estiverem prontos", disse à Lusa.
Só depois de escolhida a que for entendida como melhor solução, explicou, será elaborado o projeto de execução e o respetivo estudo de impacto ambiental.
A novidade é que a APA resolveu que os seus pilotos deveriam testar primeiro os dois modelos porque "são eles que fazem entrar os navios na barra".
Essa condição, devido à covid-19, provocou atrasos no processo, nomeadamente por limitações portuguesas e espanholas à deslocação dos pilotos que, em Espanha, vão simular a entrada de navios de diferentes dimensões.
Apesar de existir um simulador em Matosinhos, esse não tem a barra de Aveiro e, curiosamente, é um simulador espanhol que tem todos os pormenores da entrada no Porto de Aveiro, sendo apenas necessário atualizar os parâmetros da modelação hidrodinâmica.
"O objetivo principal do estudo é que a entrada no porto de Aveiro e na barra em particular possa ocorrer em qualquer condição de maré, ultrapassando os atuais constrangimentos físicos e hidrodinâmicos da sua barra, para que os navios que o demandam possam entrar em segurança, em qualquer altura", salienta Fátima Alves.
A administradora portuária assume haver também o fito de Aveiro vir a receber navios maiores, "sobretudo com maior largura de boca, porque, como é sabido, já entram em Aveiro navios com 200 metros de comprimento".
"Colocamos como fasquia que a boca de navio possa ir aos 30 e eventualmente aos 32 metros, que é o que a maior parte dos armadores pede, porque os fretes ficam mais baratos", adianta.
O impacto em todo o sistema lagunar de qualquer intervenção na barra é também critério naquela que vier a ser a solução a adotar: "queremos garantir que o impacto no prisma da maré seja o mínimo possível e para isso está a Universidade de Aveiro como consultor, porque tem já muito trabalho realizado sobre a Ria, sublinha Fátima Alves, admitindo que possam ter de ser tomadas medidas de mitigação, face às consequências numa zona ambientalmente sensível.