O virologista Paulo Paixão esteve, na manhã desta sexta-feira, na antena da RTP3, onde falou sobra a variante nepalesa, um dos argumentos apresentados pelos britânicos para a saída de Portugal da 'lista verde' do Reino Unido. De acordo com o especialista, esta é "uma variante que nós nem sequer valorizávamos muito".
"É preciso as pessoas perceberem que esta questão das mutações que possam levantar alguma preocupação - esta variante é uma combinação da indiana, depois com uma mutação -, é uma situação que está sempre a acontecer", explicou Paulo Paixão.
E mais: "Dizermos que esta variante se vai sobrepor e vai ser mais perigosa do que as outras variantes de preocupação, que já circulam, é absolutamente especulativo".
Esta variante "vai ter de ser monitorizada como outras estão a ser", prosseguiu o especialista na sua intervenção, mas, frisou, "é a primeira vez que ouvimos falar dessa forma, porque nem a Organização Mundial da Saúde (OMS) nem o ECDC Europeu, nunca chamaram a atenção".
Paulo Paixão acrescentou ainda que, ao ouvir pela primeira vez a notícia de que o nosso país tinha saído da lista, "sem saber nem qual a mutação", a primeira coisa em que pensou foi que "isto é claramente um pretexto para não haver Turismo".
"As outras pessoas é que têm medo de visitar o Reino Unido por todas as variantes que eles têm... é ao contrário. Esta ideia de os britânicos estarem a sair em força para outros países da Europa... estava-se mesmo a ver que, mais cedo ou mais tarde, iriam arranjar um pretexto", considerou, garantindo que o Reino Unido "não está melhor do que nós".
Em suma, "a probabilidade de algum britânico vir a Portugal e se infetar com esta variante é mínima", destacou o especialista.
O @govpt decidiu hoje avançar com o processo de #desconfinamento tendo em conta a evolução positiva da pandemia, o nível de vacinação que está a evoluir de acordo com o previsto e com a situação controlada no @SNS_Portugal.https://t.co/biQGKSebn1
— António Costa (@antoniocostapm) June 2, 2021
Recorde-se que, na quinta-feira à noite, o microbiologista do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, João Paulo Gomes, disse que em Portugal foram detetados apenas 12 casos de uma mutação da chamada variante indiana de Covid-19 e não 68 casos, como anunciou o Reino Unido.
Entrevistado na SIC Notícias, o cientista estranhou a decisão e o alarme do Reino Unido e disse que a mutação, cujos números anunciados por Londres não correspondem à realidade, naturalmente merece vigilância, mas que os casos em Portugal são poucos, estão concentrados e perfeitamente identificados em pequenas comunidades.
De lembrar ainda que o Governo britânico decidiu que Portugal, incluindo os arquipélagos da Madeira e Açores, vai deixar a "lista verde" de viagens internacionais na terça-feira às 4h00, passando a integrar a "lista amarela".
Os países na "lista amarela" estão sujeitos a restrições mais apertadas, nomeadamente uma quarentena de 10 dias na chegada ao Reino Unido e dois testes PCR, no segundo e oitavo dia, como já acontece com a maioria dos países europeus, como Espanha, França e Grécia.
Portugal era até agora o único país da União Europeia (UE) na "lista verde", que isenta os viajantes de quarentena no regresso a território britânico, em vigor desde 17 de maio. A lista de destinos seguros é assim reduzida a 11 países e territórios, mas a maioria é bastante longínqua ou não deixa entrar turistas, como Austrália, Nova Zelândia, Singapura, Brunei e Ilhas Malvinas, restando a Islândia como o destino mais acessível.
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