"A conferência dos Açores trouxe para o centro do debate também aqueles que têm tipicamente estado nas margens", afirmou o ministro Manuel Heitor, acrescentando que o evento contou, hoje, com "a participação de 19 ministros e responsáveis políticos" de países europeus, e dos continentes americano e africano.
O governante falava hoje, no Teatro Micaelense, em Ponta Delgada, no encerramento do evento'All-Atlantic R&I for a Sustainable Ocean: Ministerial High-level & Stakeholders Conference', promovido no âmbito da presidência portuguesa do Conselho da União Europeia.
Para Manuel Heitor, este evento serviu para "olhar para os cidadãos, particularmente, para a sua qualidade de vida", através, por exemplo, da "relação entre o oceano e o clima", que se "tem tornado uma questão crítica, particularmente para uma variedade de atividades, desde o sistema de alimentação, até à biodiversidade".
Esse foi, aliás, o mote da Declaração dos Açores, lançada hoje, que olha para a ligação entre "o mar, o espaço, o clima e a sustentabilidade alimentar".
"Se a Declaração de Galway, em 2013, estava centrada no norte do Atlântico, a Declaração de Belém, de 2017, foi centrada na cooperação norte-sul, a dos Açores é dedicada a todo o Atlântico -- particularmente abrindo a cooperação entre norte e sul, sul e norte, através, também, do espaço e de novos métodos de observação", reforçou.
Também a secretária regional da Cultura, Ciência e Transição Digital dos Açores, Susete Amaro, afirmou que esta conferência evidenciou a necessidade de "procurar novas oportunidades no Atlântico, envolvendo as comunidades e os territórios".
A governante frisou, ainda, que, "a um nível estratégico, os Açores se tornaram numa importante plataforma logística no meio do Atlântico, ligando o norte e o sul, garantindo as condições para reforçar uma investigação comum".
Para o diretor da Direção Geral para a Investigação e Inovação da Comissão Europeia, John Bell, este evento serviu para "estabelecer um caminho ambicioso, juntos, de polo a polo e costa a costa, envolvendo mais parceiros" e mostrou "que a cooperação internacional científica funciona e funciona bem.
O mesmo destacou Cristina Russo, diretora para a Cooperação Internacional do mesmo organismo, afirmando que o "avanço do conhecimento científico" é "muito importante neste mundo em mudança, caracterizado por boas intenções".
Este encerramento fez também a ponte com a próxima presidência do Conselho da União Europeia, da França, com Gilles Lericolais a afirmar que "o All-Atlantic demonstra que é possível juntar ministérios, representantes de alto nível, e líderes do oceano, incluindo investigadores, jovens, empreendedores, académicos e membros da sociedade civil para propor soluções para acelerar a transição azul, verde e digital".
Mas "o desafio não acaba aqui", sublinhou Manuel Heitor, antes de lançar um repto: "Agora, vamos fazer o trabalho que foi descrito nesta conversa, desde a robótica submarina, aos cabos inteligentes, (...) e, como alguém disse aqui hoje, precisamos de garantir águas transparentes em todo o Atlântico".
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