Composto por seis serras -- Santa Justa, Pias, Castiçal, Santa Iria, Flores e Banjas, abrangendo território dos municípios de Gondomar, Paredes e Valongo, na Área Metropolitana do Porto (AMP), tem uma extensão de quase 6.000 hectares, e vai receber as primeiras três de sete sistemas de vigilância que serão instaladas ao abrigo do projeto rePLANT.
Trata-se projeto tecnológico inédito que junta empresas e universidades para a valorização e defesa da floresta. Este projeto mobilizador liderado pela Navigator Forest Portugal com coordenação técnico-científica do CoLAB ForestWISE, foi iniciado em julho de 2020, engloba 20 entidades e irá trazer novas tecnologias para desenvolver e tornar mais segura a floresta portuguesa, num investimento de cerca de seis milhões de euros, lê-se no comunicado.
Envolvendo mais de 70 investigadores e técnicos especializados, o projeto numa segunda fase colocará as restantes quatro torres nos concelhos de Góis (Alvares, Cadafaz e Colmeal) e Nisa (São Matias), implantando-se no Norte, Centro e Sul do país, explicou à Lusa o responsável da área de Servidões e Património das Redes Energéticas Nacionais (REN).
Segundo João Gaspar, os sistemas de vigilância a instalar serão compostos por câmara de vídeo, uma câmara térmica e ótica, e por uma estação meteorológica e "estará operacional no primeiro semestre de 2022 altura em que estará concluída a colocação da primeira torre, em Recarei, no concelho de Paredes".
Cada câmara, assinalou, "terá um alcance de 10 quilómetros e funcionará em 360 graus".
"As câmaras terão uma finalidade diferente dos sistemas que já existem, aliando a deteção de incêndios à sua monitorização, ou seja, vai permitir o acompanhamento do fogo e, dessa forma, prever para onde pode evoluir, fazendo com que seja mais proativo o combate às chamas", explicou.
A colocação do sistema de vigilância "representa um investimento de 2,1 milhões de euros", revelou o responsável da REN.
"A escolha do Parque das Serras do Porto visa o casamento entre as nossas infraestruturas e a gestão territorial, como é o caso, uma vez que tem uma gestão conjunta. Além disso é uma zona onde há muitos incêndios", referiu João Gaspar sobre o facto de a escolha para avançar ter sido o território na AMP.
Carlos Viegas, responsável do projeto na Universidade de Coimbra, explicou à Lusa que a intervenção da universidade no projeto se verifica ao nível da "definição dos requisitos e especificações dos sistemas sensoriais que são instalados nas torres e na simulação da propagação e comportamento do fogo".
Revelando ter sido criado um algoritmo para o efeito, Carlos Viegas explicou que para além de saber em tempo real a "velocidade do vento ou a temperatura do ar, essas informações, uma vez colocadas nos sistemas de propagação, permitirão prever para onde vai o fogo no prazo de uma, duas ou três horas".
"Não tenho conhecimento que haja um sistema tão completo como este. É capaz de ver por entre a neblina, pois estamos a falar de vários tipos de sensores, onde estão o vídeo, mas também há os térmicos, na gama do infravermelho térmico, que permitem ver através do fumo, poeira, neblinas e até através de alguma vegetação", descreveu.
José Manuel Ribeiro, presidente do conselho de administração do Parque das Serras do Porto, afirmou à Lusa tratar-se de "uma mais-valia para o território poder ter um sistema que implica também investigação e que aumenta a capacidade de defesa do património das serras".
"É também o reconhecimento da boa dinâmica do Parque, do trabalho feito pelos três municípios e por outras entidades", acrescentou.
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