Depois de dois adiamentos e de uma manhã atribulada - marcada por atrasos, falhas de eletricidade e problemas informáticos - a audiência de João Rendeiro será retomada na sexta-feira, altura em que o ex-banqueiro deverá finalmente ficar a conhecer que medidas de coação lhe serão aplicadas.
Isto porque esta quinta-feira, dia 16 de dezembro, é feriado nacional na África do Sul (Dia da Reconciliação).
Nessa altura deverá, então, ser conhecida a decisão do magistrado sul-africano Rajesh Parshotam sobre o pedido de liberdade sob caução do ex-banqueiro.
Hoje, o magistrado ouviu durante cerca de três horas os argumentos da defesa, que propõe a libertação em troca de 40.000 rands (2.187 euros), e do ministério público sul-africano, que se opõe.
Durante a sessão de hoje, aliás, o procurador do Ministério Público considerou que há elevado perigo de fuga do antigo dono do BPP, até porque, no momento da sua detenção, Rendeiro tinha em sua posse três passaportes.
Esse facto leva o Ministério Público angolano a crer que o ex-banqueiro terá muita facilidade em obter passaportes de formas "muito questionáveis", defendendo a manutenção da sua detenção.
No início da audiência de hoje, na África do Sul, a defesa de João Rendeiro contestou os dois mandados de detenção emitidos pelo Ministério Público português, alegando falta de fundamentação e de autenticações. A defesa falou mesmo numa "caça às bruxas".
O dia ficou ainda marcado pela garantia, por parte da Procuradoria-Geral da República portuguesa, de que o pedido de extradição do antigo dono do BPP será entregue dentro dos prazos legais.
O esclarecimento surgiu na sequência de uma notícia avançada esta manhã pelo jornal Público, que avançava que o ex-banqueiro poderia vir a ser libertado antes de apresentado o pedido formal de extradição, que tem um limite de 40 dias, por dificuldades na tradução das decisões judiciais dos processos em que foi condenado.
Já por parte do próprio João Rendeiro, que permaneceu em silêncio durante a audiência, as únicas palavras foram mesmo para os jornalistas portugueses, esta manhã, a quem garantiu que não está a desafiar as autoridades portuguesas.
"Não, não", respondeu aos jornalistas que o questionaram à saída da esquadra de polícia de Verulam, nos arredores de Durban.
Questionado sobre se acha que vai ficar na África do Sul, João Rendeiro respondeu em duas palavras: "Vamos ver".
Recorde-se que a audição já tinha sido adiada na segunda e novamente na terça-feira, depois de a defesa ter pedido mais tempo para apresentar o requerimento de libertação sob fiança, decidiu o juiz. No mesmo dia, o tribunal recusou o pedido da defesa para a transferência do antigo presidente do extinto BPP para outra prisão, depois de ter recebido ameaças de morte.
Leia Também: Pedido de liberdade sob caução de Rendeiro decidido na sexta-feira