Processo envolve "vários militares da GNR". Só dois foram suspensos

A GNR esclareceu na quinta-feira que dois dos sete militares que se filmaram a torturar imigrantes asiáticos em Odemira (Beja), em 2019, encontram-se a cumprir pena de suspensão, os restantes continuam, portanto, em funções. Advogado de um dos acusados disse ainda não ter podido consultar o processo.

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Lusa
16/12/2021 21:58 ‧ 16/12/2021 por Lusa

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O advogado Luís Cruz Campos, que defende um dos acusados, João Lopes, disse à agência Lusa que o processo envolve "vários militares da GNR" e que "já foi deduzida a acusação para ser julgado no Tribunal de Beja, por um coletivo de juízes".

Referindo não ter ainda podido ainda consultar este processo, o advogado indicou que o inquérito, tal como o anterior, correu termos no Tribunal de Odemira.

"Há uma acusação feita contra vários militares que estiveram no Posto de Vila Nova de Milfontes" da GNR, estando incluídos no processo "vários vídeos" que mostram "comportamentos hipoteticamente menos corretos dos militares da GNR", disse.

Estes vídeos "foram recolhidos no âmbito de um processo anterior", envolvendo cinco militares da Guarda acusados de diversos crimes contra trabalhadores imigrantes em Odemira, disse, e estavam "no telemóvel" de um dos arguidos de então.

"Não sei se são [vídeos] todos com imigrantes. Aqueles que eu vi na Polícia Judiciária eram com imigrantes", afirmou o advogado.

O seu cliente está "acusado de três crimes, violação de domicílio, coação e abuso de poder", precisou, escusando-se a fornecer mais pormenores por, insistiu, ainda não ter podido consultar o processo.

"Ainda não tive essa oportunidade porque não tive acesso ao processo tal como eu pedi", ou seja, "não me foi concedida essa consulta por meios digitais e tenho que me deslocar às instalações do Ministério Público de Odemira, que é uma coisa que não acontece em nenhuma parte do país a não ser em Odemira", criticou.

Recorde-se que a GNR esclareceu hoje que dois dos sete militares que se filmaram a torturar imigrantes asiáticos em Odemira (Beja), em 2019, encontram-se a cumprir pena de suspensão decretada pelo Ministério da Administração Interna, enquanto os outros aguardam medidas sancionatórias.

De acordo com a GNR, três dos agentes do Destacamento Territorial de Odemira são reincidentes, depois de terem estado "envolvidos em agressões a indivíduos indostânicos", em 2018. O esclarecimento surge após uma investigação CNN/TVI que deu conta da acusação de sete elementos da GNR de um total de 33 crimes, por humilharem e torturarem imigrantes em Odemira.

Leia Também: Três militares que agrediram imigrantes reincidentes. GNR reportou ao MP

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