Miguel Duarte, o português que em março deste ano foi ilibado no caso Iuventa, onde tinha sido acusado de ajuda à imigração ilegal, recorreu, esta terça-feira, ao Twitter para contar mais um episódio em que ajudou a resgatar migrantes em dificuldades e fazer uma retrospetiva.
"Pensar que ainda este mês resgatámos um bebé nascido num barco de madeira com mais de 100 pessoas que estava há 3 dias no mar. Vinha com o cordão umbilical atado com um fio de costura. O barco não estava longe de Lampedusa, mas tenho cá para mim que lá não chegava", aponta o ativista.
Mas Miguel Duarte vai mais longe: "Resgatámos quase 500 pessoas, muitas das quais nos últimos momentos. Isso é indubitavelmente bom". No entanto, assume que pensou "várias vezes" se "isto é algo que quero fazer a mim próprio mais vezes".
Pensar que ainda este mês resgatámos um bebé nascido num barco de madeira com mais de 100 pessoas que estava há 3 dias no mar. Vinha com o cordão umbilical atado com um fio de costura. O barco não estava longe de Lampedusa, mas tenho cá para mim que lá não chegava.+
— Miguel Duarte (@MiguelCSDuarte) December 28, 2021
"O paradoxo é esse: correu tudo 'bem' mas sinto a responsabilidade tão pesada nos ombros, que às vezes, só às vezes, me parece demais para mim", assume o jovem ativista.
Em retrospetiva, acrescenta Miguel, "mesmo depois de chegar a casa, ao olhar para trás", fica "aterrorizado" com a "possibilidade de ter corrido mal". "Se uma pessoa não está lá pensa que as pessoas que salvamos são mérito nosso e para as que não salvamos nunca houve hipótese. Quando se lá está é diferente. As decisões são nossas e decorre delas a vida e a morte. Ninguém devia ter esse poder", conclui.
Quando se lá está é diferente. As decisões são nossas e decorre delas a vida e a morte. Ninguém devia ter esse poder.
— Miguel Duarte (@MiguelCSDuarte) December 28, 2021
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