"Resgatámos um bebé nascido num barco. Vinha com o cordão atado com fio"

Miguel Duarte, ativista português, fez, no Twitter, uma retrospetiva da ação de ajuda e resgate a migrantes. "Quando se lá está é diferente. As decisões são nossas e decorre delas a vida e a morte. Ninguém devia ter esse poder", frisou.

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Notícias ao Minuto
29/12/2021 08:07 ‧ 29/12/2021 por Notícias ao Minuto

País

Miguel Duarte

Miguel Duarte, o português que em março deste ano foi ilibado no caso Iuventa, onde tinha sido acusado de ajuda à imigração ilegal, recorreu, esta terça-feira, ao Twitter para contar mais um episódio em que ajudou a resgatar migrantes em dificuldades e fazer uma retrospetiva. 

"Pensar que ainda este mês resgatámos um bebé nascido num barco de madeira com mais de 100 pessoas que estava há 3 dias no mar. Vinha com o cordão umbilical atado com um fio de costura. O barco não estava longe de Lampedusa, mas tenho cá para mim que lá não chegava", aponta o ativista. 

Mas Miguel Duarte vai mais longe: "Resgatámos quase 500 pessoas, muitas das quais nos últimos momentos. Isso é indubitavelmente bom". No entanto, assume que pensou "várias vezes" se "isto é algo que quero fazer a mim próprio mais vezes".

"O paradoxo é esse: correu tudo 'bem' mas sinto a responsabilidade tão pesada nos ombros, que às vezes, só às vezes, me parece demais para mim", assume o jovem ativista. 

Em retrospetiva, acrescenta Miguel, "mesmo depois de chegar a casa, ao olhar para trás", fica "aterrorizado" com a "possibilidade de ter corrido mal". "Se uma pessoa não está lá pensa que as pessoas que salvamos são mérito nosso e para as que não salvamos nunca houve hipótese. Quando se lá está é diferente. As decisões são nossas e decorre delas a vida e a morte. Ninguém devia ter esse poder", conclui. 

Leia Também: Encontrados 53 migrantes escondidos num camião na Macedónia do Norte

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