Psicólogos portugueses dão formação a colegas ucranianos

A Ordem dos Psicólogos começou esta semana a dar formação a 32 psicólogos ucranianos, uns refugiados e outros que permanecem no país, para que possam apoiar as vítimas da guerra e dar também eles formação a colegas.

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Lusa
17/03/2022 14:57 ‧ 17/03/2022 por Lusa

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Psicólogos

A iniciativa nasceu de um apelo feito na semana passada pela Associação Nacional de Psicólogos Ucranianos que procurava ajuda para formar "os seus profissionais na intervenção em situações de crise", contou à Lusa Tiago Pereira, membro da direção da Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP).

A OPP ofereceu-se para dar formação 'online' do curso que tem desde 2014 e no passado domingo, "o projeto arrancou com 32 psicólogos ucranianos, que falam inglês, e que estão em cidades ucranianas ou em trânsito, já fora do seu país", disse.

O curso visa a resposta psicológica imediata a eventos de larga escala ou catástrofes, desde o momento da exposição até ao final do primeiro mês, através da utilização dos primeiros socorros psicológicos.

A ideia é que os psicólogos ucranianos possam atuar no terreno, mas também fiquem aptos a dar formação a colegas.

É através de plataformas 'online' ao longo de quatro secções de duas horas que o curso criado pelo psicólogo português Márcio Pereira chega a colegas ucranianos.

Tiago Pereira lembrou que a ocorrência de incidentes de grandes dimensões e potencialmente traumáticos, como é o caso de uma guerra, podem provocar inicialmente reações adversas nas pessoas mas, na grande maioria dos casos, são situações "transitórias e com recuperação espontânea".

No entanto, existe um número considerável de pessoas que desenvolvem psicopatologia na sequência da exposição a estas situações.

A intervenção psicológica precoce, nomeadamente a utilização dos Primeiros Socorros Psicológicos, "é de extrema importância na estabilização inicial e na prevenção do desenvolvimento de psicopatologia", esclareceu o representante da OPP.

Os Primeiros Socorros Psicológicos são recomendados por vários organismos internacionais, como é o caso da Organização Mundial de Saúde.

Entre os objetivos do curso, que está a ser ministrado pela OPP, estão a capacidade de compreender as reações e respostas à catástrofe, compreender as diferenças nas reações das vítimas, saber como intervir em populações especiais ou quais as ações centrais dos primeiros socorros psicológicos.

Distinguir a forma como as crianças percecionam a morte, caracterizar a melhor forma de intervir junto a crianças e distinguir as reações comuns de stress das reações extremas de stress são outros dos objetivos do curso.

A Rússia lançou a 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já causou pelo menos 726 mortos e mais de 1.170 feridos, incluindo algumas dezenas de crianças, e provocou a fuga de cerca de 4,8 milhões de pessoas, entre as quais três milhões para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.

Leia Também: Escolas apoiam alunos afetados pelas imagens da guerra na Ucrânia

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