UE tem de decidir "de uma vez por todas" se quer ou não exército europeu

O general Agostinho Dias da Costa considera que a União Europeia tem de decidir "de uma vez por todas" se quer ou não ter um exército europeu e recusou o regresso de um serviço militar obrigatório.

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Lusa
23/03/2022 13:14 ‧ 23/03/2022 por Lusa

País

Rússia/Ucrânia

 

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"Creio que estamos em certa medida a não enfrentar a questão de fundo, que é dar a resposta certa à questão certa e não procurar dar uma resposta certa à questão errada. É que a UE tem, e isto é uma opinião pessoal, que decididamente ou de uma vez por todas decidir se pretende ou não ter um exército europeu. Essa é a grande questão que se coloca", defendeu o vice-presidente da direção da EuroDefense Portugal.

Em entrevista à agência Lusa, o general considerou que "tem que haver uma decisão na UE" sobre se quer ou não "ter uma Europa da defesa e uma Europa da defesa tem a montante uma decisão política, uma maior integração da UE".

"É como quando demos o passo para a moeda única: também foi doloroso teoricamente para os países perderem a sua moeda, mas hoje não abdicávamos do euro, creio eu (...)", argumentou.

Na opinião do general, a UE tem que passar "do patamar intergovernamental para o patamar supranacional", o que não implica abdicar das Forças Armadas de cada país.

"Os países não abdicam de ter as suas Forças Armadas para os seus interesses próprios, para as suas relações externas próprias. O que é preciso é ter um exército federal, como têm os EUA", acrescentou.

De acordo com o general, com um exército europeu, "o mundo ficava muito melhor" e os russos olhavam para a UE "com outros olhos", acrescentando que tem que se deixar de dar "respostas certas para as questões erradas".

"A questão agora não é voltarmos a um serviço militar obrigatório como algumas mentes eruditas consideram, mandarmos novamente a juventude para a tropa como se costuma dizer", considerou, sustentando que "isso é romantismo de um período que acabou".

Na opinião do general, é importante "debater uma nova arquitetura de segurança da UE" e deveria haver "uma bazuca para a Defesa", apontando que a "UE tem de uma vez por todas de perceber que quando tem uma unidade militar federal a unidade está à disposição de uma estrutura democrática".

A nível nacional, o general Agostinho Costa considerou fundamental "pensar em novas fragatas" para a Marinha, em "aviões de quinta geração" e num "exército com uma componente tecnológica mais evoluída".

De acordo com o general, "a missão das FA que até agora estava direcionada fundamentalmente no plano externo para missões de estabilização, missões de paz e no plano interno para a vigilância da nossa área de interesse estratégico permanente e para apoio às outras missões no âmbito da melhoria das situações de vida dos cidadãos, vão continuar, mas vão deixar de ser as principais".

"Porque aqui os nossos aliados vão-nos perguntar: quantos navios têm disponíveis para a frota do Báltico ou do Mediterrâneo, quantos batalhões têm prontos, e não podemos mandar 147 militares, temos que ter capacidade operacional a sério, temos que repensar as Forças Armadas e deixar ideias românticas de um novo Serviço Militar Obrigatório (...)", sustentou.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou pelo menos 953 mortos e 1.557 feridos entre a população civil, incluindo mais de 180 crianças, e provocou a fuga de mais 10 milhões de pessoas, entre as quais 3,53 milhões para os países vizinhos, indicam os mais recentes dados da ONU.

Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.

Leia Também: AO MINUTO: Ofensiva "num atoleiro"; Controlo de Kyiv seria "suicídio"

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